Ao filho, com carinho
Como o tempo passa depressa!
Hoje faz seis anos que o Jornal de Fato desabrochou para o mundo, esse intrincado universo da informação, do disse-me-disse, a indústria da comunicação. Fala-se até, com impropriedade, que é o quarto poder. Tolice. Puro exagero.
- Carlos Santos, em Mossoró cabe mais um jornal? – perguntava-me o jornalista Flávio Marinho, pouco antes do lançamento em solenidade inesquecível no Sesi. Inquietante e comum a indagação de Flávio. Compreensível. Mossoró convivia com dois diários e um outro semanário, além do assédio natural dos veículos da capital.
- Cabe o nosso! A administração dos outros é problemas deles – respondi-lhe confiante. “Estou programado para vencer”, acrescentei.
Olhando para trás, mesmo sendo um pai ausente em face de uma sociedade comercial – e de amizade, desfeita, estou em paz com minha consciência. Ao contrário da mulher de Ló, sobrinho de Abraão, não serei transformado em estátua de sal.
Os filhos são assim mesmo. É uma benção que devemos destinar ao mundo.
Há poucos dias conversava com o infante Carlos Júnior, no alto de seu 1,76 e na iminência dos 15 anos, fazendo algumas ponderações. Diante de sua negligência com os estudos em Natal, provoquei algumas reflexões.
Disse-lhe que não iria impor modelos. Sua irmã, exemplo de apetite pela formação/conhecimento – acadêmica de fisioterapia -, não precisava de ajustes. Menos ainda buscaria paradigma externo como lanterna de sua vida. Havendo interesse em deixar os estudos, “pode contar comigo. Eu o apóio”.
Apenas apresentei uma observação que a experiência oferta, na pedagogia paternal: “Assuma o ônus de viver numa sociedade onde antes que memorizem seu nome, querem saber o que você é, de onde vem, o que faz?”
Somos mártires de uma ditadura que hierarquiza os indivíduos sorrateiramente, sem antes procurar identificar seus valores como gente e seus propósitos. Na hora de manufaturar o Jornal de Fato ao lado do jornalista César Santos – seu atual controlador majoritário, fomos soterrados por uma avalanche de preconceitos e leviandades.
Mossoró, com uma mentalidade majoritariamente localista e burguesa, tem dificuldade de conviver com empreendedores, sobretudo se eles não fazem parte de uma elite decadente e espoliadora. Aqui, tudo que frutifica, é obrigado a receber um “selo” de qualidade monocromática. Quando algo sai errado é culpa dos outros.
Impossível esquecer a versão de que o jornal era “terceirizado” e que não passávamos de “donos laranjas”. Não faltou até ameaça às claras de invasão e depredação das modestas estruturas. Não cito nome porque seu autor está incapacitado à própria defesa. Mas, de mim, absolutamente perdoado.
Incontáveis foram os dias e noites à plena superação, o esforço estóico e espartano, à tarefa às vezes desumana de botar a “cria” para andar com as próprias pernas. Hoje, mesmo distante, não tenho a visão desfocada pelo recalque ou a pequenez.
Filhos? Melhor tê-los.
Longa vida ao Jornal de Fato.
PRIMEIRA PÁGINA
EI, VOCÊS AÍ... – Na carreata-comício de sábado em Mossoró da aliança “Vitória do Povo”, o locutor da governadora e candidata à reeleição, Wilma de Faria (PSB), não deixou de anunciar a presença e apoio de dois nomes comuns aos bastidores. O professor Pedro Almeida, que há meses afirmava não votar em Wilma, apesar do trabalho e apoio ao grupo da deputada Sandra Rosado (PSB), foi um. Além dele, a professora Isaura Amélia Rosado, presidente da Fundação José Augusto, irmã do ex-deputado Carlos Augusto. No caso de Isaura, ela nunca escondeu sua opção firme por Wilma.
DISPUTA – Segundo a mais recente pesquisa interna da Vitória do Povo, uma quarta vaga para a Câmara Federal está sendo desesperadamente disputada entre as deputadas Fátima Bezerra (PT) e Sandra Rosado. Hoje, a mossoroense só entraria se houvesse um placar pró-governismo de 5 x 3 à Câmara Federal, a princípio pouco provável. Não é por acaso que os nervos estão à flor da pele. Lá na frente aparecem João Maia (PL), Fábio Faria (PMN) e Rogério Marinho (PSB) em plena viabilização.
MAIS UM – Pronto. O governo Fafá Rosado (PFL) pode anunciar mais um benefício do “Mossoró Cidade Junina”. Em reportagem no sábado, 26, o Correio da Tarde revela que pesquisa feita em maternidades de Mossoró mostra o seguinte: “Maioria engravida durante período do Cidade Junina”. As buchudinhas, boa parte adolescente não perdem tempo em meio ao “à la vantu e anarriê”. Aumento da natalidade amplia as vendas no comércio. Enfim está provado que o evento é bom para a economia do município. Viva o Cidade Junina! Viva as buchidinhas!
CAFÉ E VOTOS – O empresário Genivan Batista, que comanda um rol de empresas com atuação até em estados circunvizinhos, reuniu funcionários e seus familiares ontem, na AABB de Mossoró. Apresentou ao auditório o seu candidato a deputado federal, empresário João Maia. Também apareceu por lá a opção de Genivan à Assembléia Legislativa, médico Leonardo da Vinci (PFL). Casa cheia em farto café da manhã no clube que fica quase no centro da cidade.
MANUSCRITO – O Ministério Público de Mossoró está levando um olé da Prefeitura mossoroense. Há quase um mês a prefeita prometeu enviar – e não o fez - relação de funcionários do município, para análise de possíveis casos de nepotismo, sinecura e empreguismo. O segundo prazo terminou vencendo na quarta passada e a lista não foi apresentada. Pelo visto, o material referente aos mais de 4.260 servidores – incluindo a turma que reside fora de Mossoró, e até no exterior, está sendo aprontado no punho. O Mundo Mágico de Nós se não existisse deveria ser inventado.
LIXÃO – Na sexta, 25, uma manchete passou despercebida à maioria dos leitores, mas não fugiu ao nosso olhar. A Gazeta do Oeste revelava que “Catadores de Natal disputam lixão de Mossoró”. Observe o nível de degradação humana a que chegamos. Famintos da capital estão migrando para o interior, à procura de restos. Num tempo mais remoto, era uma legião famélica que desabava na capital para subsistir. Na propaganda eleitoral, a gente tem certeza que vive na Dinamarca, Noruega...
MAL – Pouco antes de viajar para Natal no sábado, o ex-deputado Carlos Augusto (PFL) admitiu para um amigo, que “a situação de Ruth é difícil”. Em sua análise, se a cunhada e deputada estadual Ruth Ciarlini (PFL) não obtiver noutros municípios compensações de perdas eleitorais, não vai se reeleger. Eureca!
GERAIS
- O Jornal de Fato estreou ontem o seu novo padrão gráfico. Segue tendência nascida na Europa, em periódicos de peso como o Le Monde (Paris) e The Guardian (Londres). Trabalho das mãos do ótimo designer Augusto Paiva.
- É preocupante o quadro de saúde de dona Adelzira Freire, mãe de Zilene Marques, diretora da TCM e mulher do reitor da Uern, Milton Marques. Ela foi operada no Hospital Wilson Rosado e procura superar o difícil pós-operatório.
- Apesar deste blogueiro concorrer com quase 70 colunistas sociais da região, registro os parabéns à advogada Cláudia Regina, vice-prefeita de Mossoró, um dos bons quadros da depauperada política desta terra. Pensa, logo... incomoda. A festa é no Ginásio Pedro Ciarlini, às 17h, em culto ecumênico. Estarei lá, mesmo sabendo não ser “in” (suportável) como a maioria dos presentes.
- E o Mecão, hein? O alvirrubro de Natal continua infernal jogando no Machadão. Impôs 3 x 2 no Atlético Mineiro no sábado. O problema é que fora de seus domínios, é como mulher de malandro: apanha, perde ou é derrotado.
- Obrigado a Benício Oliveira (FM 96), Luíza Maria Rosado e Carlos Antônio Nunes (FM 100 de Pau dos Ferros) pela leitura deste Blog.
SÓ PRA CONTRARIAR
Por que os principais candidatos ao governo têm tanto medo de participação em debate aberto pela TV e rádio? Alguma coisa a esconder?