sexta-feira, agosto 18, 2006

COLUNA DO HERZOG (Primeira Edição)

Que venham os forasteiros

No início da semana, em entrevista à TV União (Natal), programa dirigido pelo ótimo jornalista – e caráter irrepreensível – Paulo Tarcísio Cavalcanti, ele pergunta: “O eleitorado mossoroense é mesmo bairrista, Carlos Santos?” E continuou: “O eleitor está fechado aos candidatos de outros centros?”

Disserto aqui o que expus a Paulo Tarcísio e seus telespectadores.

O “bairrismo eleitoral” é outra farsa produzida engenhosamente pela elite política de Mossoró, para afugentar concorrência e manter um monopólio pernicioso do voto, como propriedade sua. Temos um raro exemplo de coronelismo urbano que resiste ao tempo e às naturais alterações sociológicas.

Ao contrário da maioria das lendas, essa não nasceu em meio ao povo, parida como manifestação cultural. Foi e é um produto laboratorial, ferramenta de dominação política, que ajuda há décadas a formar as condições “naturais” à hegemonia do poder por uma família. O mandonismo forjado no ambiente democrático, precisa dessas alegorias para continuar amparando o embuste.

Com 149.348 eleitores para este ano, o município está aberto às novidades, a outros candidatos nativos e ao que pejorativamente se denominou de cima para baixo como “forasteiro.” A elite Rosado sabe, mas faz que não sabe, que Mossoró é um núcleo polarizador de extensa região da ordem de 1 milhão de habitantes, alcançando até o Vale do Jaguaribe no Ceará.

Historicamente, desde a seca bravia do final dos anos 70, no século IX, passamos a ser uma etnia extremamente miscigenada, referência migratória importante. Àquele tempo, Mossoró mais do que triplicou sua população recebendo multidões de famintos. O socorro da Coroa atenuou o impacto da multidão famélica, num ambiente urbano que antes chegava a algo em torno de 7 mil habitantes naturais.

Parte considerável da população atual é formada por quem adotou Mossoró como pátria e aqui produz história.

Não é cabível o voto, tão ultrajado, continuar como ativos de um ramo familiar que como tantos outros também é “de fora”.

A história mitificada numa bibliografia extensa, conta que os Rosado possuem um pé em Portugal com o imigrante Jerônimo Ribeiro Rosado e outro em Pombal (PB). Em 1890 começa a trilha do seu filho homônimo - também Jerônimo - e patriarca dos Rosado mossoroenses por aqui, como farmacêutico, empreendedor e político - honesto.

Se eles, "forasteiros", podem, por que outros não têm o mesmo direito ao voto em Mossoró?

Portanto, Rogério Marinho (PSB), Fátima Bezerra (PT), Lavoisier Maia (PSB), Henrique Alves (PMDB), João Maia (PL), Felipe Maia (PFL) e tantos outros, sejam bem-vindos. A terra de Santa Luzia acolhe-os de braços abertos, sobretudo se assumirem compromissos – e os cumprirem, com a gente (os mossoroenses que verdadeiramente adoram, de graça, este solo).

Que venham os forasteiros.

PRIMEIRA PÁGINA

TÁ NA CARA – Não é por acaso que o bom deputado federal Betinho Rosado (PFL) está em processo de desnutrição eleitoral em sua principal base, Mossoró. Não precisa ser cientista em política mossoroense e doutorado em tratados sobre a sordidez humana – ou ingratidão, para se verificar que ele está cristianizado pelo “Palácio da Ineficiência”. O nome da preferência dos inquilinos do poder no Mundo Mágico de Nós é o deputado aluizista Henrique Alves (PMDB), que caminha para alcançar votação considerável, como há tempos não empalmava em Mossoró. Várias lideranças de vínculo figadal com o sistema rosalbista, estranhamente, apareceram em bom número apoiando o articulado Henrique Alves. Para não perceber tamanha “cama-de-gato” só muita miopia ou ingenuidade.

É POSSÍVEL? – Alguém sabe me responder se em Governador Dix-sept Rosado, a 32 quilômetros de Mossoró, existe alguma unidade diplomática do município mossoroense? Há quem considere a antiga São Sebastião um foco de empreguismo com fim político-eleitoral, revelando ainda caso cumulativo de sinecuras, ou seja, um bando de gente paga pelo erário de Mossoró, sem prestar serviço. Aguardemos novidades.

QUADRILHA – Determinadas reuniões que ocorrem em plena campanha eleitoral, envolvendo propostas escusas, deviam ser enquadradas no Código Penal como quadro tipificado de “associação para o crime”. Ah, moleques!

ENGANCHADO – A equipe que auxilia a prefeita Fafá Rosado (PFL) na melhoria de sua oratória e os sabujos de plantão a alertem para alterar seus discursos. Depois de decorar o termo “obras estruturantes”, em todo pronunciamento a prefeita soca a expressão, muitas vezes do modo mais atabalhoado, fora de contexto. Pelo amor de Deus, mudem a fita, desenganchem o disco. Mossoró e nossos tímpanos agradecem.

PROPOSTAS – Duas propostas lançadas por este Blog estão em pleno processo de consecução: a instalação da ONG “Transparência Mossoró” e a “Campanha pela Preservação dos Bons Rosados”. Além disso, acredito que o movimento “Tirem as mãos sujas de Mossoró” deve emplacar. É contra todo e qualquer tipo de quadrilha afeita à dilapidação do patrimônio do povo e a expropriação de sonhos coletivos. Adesivos, panfletos e outras produtos de divulgação serão preparados. Correto. A sociedade civil, de qualquer sobrenome, não pode se acomodar.

MOTIVADO – Bombado com os contatos semanais que tem feito em Mossoró, o ex-senador Geraldo Melo (PSDB) está novamente por aqui hoje. Deve receber consideráveis apoios populares. O “tamborete” tem sido hábil com as palavras e caminha para ser o segundo mais votado ao Senado no município, sem qualquer liderança com mandato a lhe apoiar.

GERAIS

- A Hepta Construções faz um bom trabalho de press-release eletrônico focado em seu público-alvo. Parabéns e sucesso continuado.
- A empresa S. A Rodrigues que representa o plano de saúde Hap Vida em Mossoró e região precisa se cuidar. Caso contrário prejudicará o bom nome da Hap Vida.
- A missa lembrando o primeiro ano da morte do jornalista Dorian Jorge Freire está marcada para o próximo dia 24, às 17h, na Catedral de Santa Luzia. O padre Guimarães Neto conduzirá a liturgia cristã.
- Obrigado ao professor e advogado Emannoel Antas; psicólogo e professor Fred Costa e ex-senador Geraldo Melo (PSDB) pela leitura deste Blog.

SÓ PRA CONTRARIAR
A Controladoria zela os interesses da empresa pública ou os negócios de família? Decifra-me ou te devoro.

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