segunda-feira, setembro 04, 2006

COLUNA DO HERZOG (Primeira Edição)

Tratato da liberdade de imprensa

“Venho a esta comissão como testemunha de um tempo de subversão de valores no qual, como na sátira de George Orwell, fala-se em liberdade para matá-la, em democracia, para destruí-la, em legalidade, para negá-la na sua própria essência." (Brasília, 15 de maio de 1957)

Testemunho na atual campanha que de todos os pontos cardeais, abrangendo os variados matizes políticos e ideológicos, saltam queixas ao comportamento da quase totalidade da imprensa. Rosna-se açulando a população contra o jornalista, radialista ou algum veículo.

A grosso modo, o que se constata é muito delicado. Quase ninguém sairá intacto, em face de vício real que muitos adotam de terceirizar o próprio cérebro. Os que procuram zelar sua biografia e os primados da profissão, também não estão imunes a ataques baixos, marcados pela leviandade.

A lamúria de muitos políticos, assessores de verdade e meros sabujos, é quanto à parcialidade da mídia. No fundo, ninguém confessa, mas o conceito de independência não está associado à etimologia do vocábulo. Na prática, a comunicação social é uma ferramenta prioritária na guerra pelo voto e, livre, não serve a qualquer dos contendores. Jornalismo “sério”, pensa a maioria dos políticos, é o que fala bem de mim e mal do outro. É “imparcial” sob esses termos.

O que se deseja mesmo é o controle, a mordaça, o servilismo ou a venalidade disfarçada da mídia.

O nível de podridão a que chegamos como civilização, encontra na política o universo do mais puro retrato, do que somos, com grande fidelidade. Os de bem e não os 'de bens', são minoria, mas continuam estrebuchando. Há esperança idealista que o quadro se inverta.

Alguns políticos que hoje se sentem vítimas do jornalismo venal, antes bancavam o “soldo” para que se fizesse isso com o adversário, achando tudo correto e divertido. No passado, infernizavam o concorrente considerando que o bumerangue não voltaria ao ponto inercial. Quanta inocência! Fazendo um trocadilho com poema do escatológico Augusto dos Anjos, digo que a mão que empalma é a mesma que apedreja.

O mercenário da mídia é como qualquer outro sicário. Investe-se na condição de indivíduo superior, mas é um matador de aluguel como outro qualquer: sua ideologia é a do vale-tudo. Atira por quem pagar mais. Inclusive em quem o remunerou ontem. É a lógica do submundo que o corruptor procura ignorar, achando que o corrupto nasce do nada, como o universo na tese do big-bang.

Por isso, apesar de constatar algumas injustiças que se noticia, não chego a me sensibilizar, quando estudo o outro lado da moeda. Opto por repetir um bordão popular: “Eu acho é pouco”.

* O texto de abertura de nosso artigo é uma partícula da memorável defesa feita pelo grande Carlos Lacerda, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara Federal, quando se armava ambiente à sua cassação. Atualíssimo, como é fácil se perceber, quase 50 anos depois.

PRIMEIRA PÁGINA

BALUDO – A aeronave apelidada de “Bicurau”, que tem servido para transportar os candidatos majoritários da “Vontade Popular” pelo RN e agregados, conta com um comando muito familiar à ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PFL). Um primo seu é quem a pilota. Além disso, o custo de locação foi assumido por seu grupo, em valores insondáveis. Por isso – também - está latente a versão de que o ex-deputado e marido de Rosalba, Carlos Augusto, garantira R$ 12 milhões à chapa majoritária para impor Rosalba como candidata ao Senado. É para quem pode.

MILITÂNCIA – Nos muitos comentários que ouço e leio sobre a campanha, gente que não conhece a fome e não anda na periferia, desconhece a força devastadora da militância do candidato Lula da Silva. Depois do desmonte do PT e sua aura de honestidade, quem está nas ruas é a infantaria do “Bolsa Família.” São mais de 11,2 milhões de cadastrados no país e cerca de 250 mil no Rio Grande do Norte. Quem tiver dúvida sobre a devoção xiíta dessa massa, faça uma visita – como eu, à patuléia faminta e ignara. A “mesada” federal, que cai dos cofres dos banqueiros nacionais e transnacionais, é aceita como uma benção messiânica. Dá votos.

POR SANDRA – Numa conversa informal e suprapartidária, o ex-vereador (Mossoró) e devotado rosalbista, Chico Borges, sentencia: “Apesar das nossas diferenças políticas, a eleição da deputada Sandra (Rosado) é boa para Mossoró”.

MUDOU – O ex-vereador – moderado e sério -, peemedebista histórico Antônio Mota, não anda muito contente com o comando mossoroense do partido, que durante cerca de 20 anos andou alugado a uma banda da família Rosado. No muro de sua residência, até bem poucos dias, estava pintada a propaganda do candidato a deputado estadual Leonardo da Vinci (PFL) e do deputado federal Henrique Alves (PMDB). Agora, quem passar pelo mesmo local encontrará mudança. Ele suprimiu a divulgação sobre Henrique, colocando no lugar o federal Betinho Rosado (PFL).

COMENTAR? – A visão que este blogueiro tem da pesquisa Databrain (veja resultado nas postagens de ontem, domingo) é a mesma quanto à sondagem do Ibope, que foi divulgada recentemente. Há um uso sistemático de pesquisas com sentido de indução e não de norteamento e esclarecimento quanto à disputa de votos. Uma pesquisa que o próprio veículo que a publica em impresso, a IstoÉ, faz questão de omitir na versão “on-line”, não pode merecer tratamento sério. Não participo desse embuste, consubstanciando sua existência. Não questiono números e, sim, métodos. Se a IstoÉ não quis mostrá-la, por que esse modesto jornalista iria comentá-la?

WILMOU – Conta-me o ex-deputado Leonardo Arruda, que ontem em Maxaranguape o ex-deputado Pedro Melo (PSDB) pediu votos para Wilma de Faria em alto e bom som. O comício era promovido por seu irmão e candidato ao Senado, sem preferência declarada ao governo, Geraldo Melo (PSDB). Como não tenho motivos para descrer do grande Léo, eis a notícia como a recebi.

GERAIS

- A prefeita mossoroense Fafá Rosado (PFL) cumprirá agenda amanhã em Natal, na Casa da Indústria. A Escola do Petróleo de Mossoró está em pauta, entre outros assuntos.
- Há coisa mais gosmenta do que ouvir Galvão Bueno soltando indiretas para Carlos Alberto Parreira, enquanto narrava vitória do Brasil sobre a Argentina, em amistoso no domingo? Em plena Copa do Mundo 2006, antes da desclassificação, Galvão incensava Parreira. Depois “descobriu” que tinha algo errado. Quanta iniquidade. Rei morto, rei posto. E viva Dunga!
- Obrigado a Felinto Rodrigues Filho (FM 98 de Natal), Naide Bessa e advogado Francisco Valdeque pela leitura deste Blog.

SÓ PRA CONTRARIAR

A mão que corrompe não é menos corrupta do que a do corruptor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Prezado Carlos,

Certo dia me deparei lendo seu diálogo (monólogo?) com seu filho. Fiquei muito feliz por lembrar aquele "magrelinho abusado" que trabalhava de azul no BB, ter se transformado no que você é. Parabéns! Ah! Se todos os pais acompanhassem seus filhos como você o faz com esse tipo de presença através do diálogo, da compreensão e de colocar regras mostrando o futuro. Que Deus abençoe você e os seus filhos... e a companheira que os ajudou a nascer.




Maysa Almeida Costa

Comunicado final deste Blog Jornalístico

A partir de hoje, um novo endereço na Internet responde pelo trabalho jornalístico que procuro desenvolver neste universo virtual. Depois de...