quarta-feira, janeiro 17, 2007

COLUNA DO HERZOG (Primeira Edição)

O buraco da ganância e “Os estatutos do homem”

Não é preciso muito esmero investigativo, filigranas técnicas e avaliação empírica para se constatar algo, no tocante à tragédia do metrô paulistano: há muito de podre no consórcio entre construtoras e o governo social-democrata paulista.

Assinalo que não enxerto no caso um componente partidário, mas existem reflexos de dogmas político-econômicos a serem vistos. O liberalismo que se espraia pelo mundo desde o final do século XVIII, em várias nomenclaturas, até o ‘moderno’ neoliberalismo, transforma o homem apenas em mais uma peça substituível na engrenagem de produzir lucros pecuniários.

As mais variadas ciências são postas a serviço do capital, da nanotecnologia à robótica, reduzindo postos de trabalho e prometendo excelência nos serviços e produtos. O soterramento de diversos seres humanos (vivos), prejuízos materiais e choques psicológicos incomensuráveis provam que estamos longe da qualidade total.

Porta-vozes do consórcio apressam-se na autodefesa, transferindo responsabilidades. A estratégica é comum aos que não possuem argumentos consistentes. A culpa, pasme, é da “natureza”. Chuvas e perfil geológico seriam provocado o desmoronamento.

De fato, é a natureza a origem de tudo. Entretanto, refiro-me à “natureza humana”.

Através dos tempos e em todo lugar terreno, o duelo vai além das explicações filosóficas do bem contra o mal, aquele maniqueísmo de folhetim. A compreensão também não está no confronto entre as teses do socialismo e do capitalismo. O primeiro não conseguiu clivar riquezas e o segundo as concentrou nas mãos de poucos sabidos.

Não é o confronto belicista que exumará a justiça social.

Mostrou-se inócua a fúria dos seguidores de Ned Ludd, os “ludistas”, que no início da revolução industrial depredavam as máquinas na Inglaterra, na esperança da preservação do emprego. Contestar o empreendedor por querer mais e mais lucros não é o bastante. Contudo, é necessário o zelo à vida e o respeito à própria espécie humana. Isso pode ser obtido sem molestar um primado do capital, o ganho.

A idéia de sempre mais no menor espaço de tempo possível e com gasto minimizado, não deve representar uma fina membrana entre a vida e a morte como está claro no episódio paulistano. O consórcio de empreiteiras gerou uma teia de filhotes terceirizados, ‘quarteirizados’ etc, com autonomia para produzir - conforme seus interesses - uma obra que é na verdade é patrimônio público, não privado.

Vem-me à memória o sonho lírico do poeta Thiago de Mello, nascido nas barrancas do Amazonas, filho natural da terra brasilis. Em seu “Os estatutos do homem”, Parágrafo IX, ele exalta uma esperança redentora: “Fica permitido que o pão de cada dia tenha no homem o sinal de seu suor. Mas que sobretudo tenha sempre o quente sabor da ternura”.

Amém!

PRIMEIRA PÁGINA

CENÁRIO – Baraúna começa a viver hoje um novo tempo (veja matéria abaixo da coluna). Desde que ganhou vida como município no início da década de 90, sendo desmembrada de Mossoró, que é vítima de uma inaceitável espoliação, pilhagem e desdém de sua classe política – com exceções – em relação ao povo. São dois prefeitos cassados até aqui. Mas é pouco, diante do que saqueado por lá, um território de solo fértil, enormes riquezas e povo bom, mas paupérrimo e humilhado.

NOME – O voto de cada um dos deputados federais ligados à governadora Wilma de Faria (PSB), na intrincada disputa à presidência da Câmara Federal, será autônomo. Ela viajou para as Oropas afirmando que não interferirá em favor de qualquer candidatura.

CASA DA GENTE – Não dá para acreditar numa classe política que coloca até seus funcionários domésticos na folha de pagamento da prefeitura. Sempre cabe mais um (na folha), além da família, pingüim da geladeira, patinho de borracha, lacaios, empregadas etc. Confesso que me sinto um sujeito superior testemunhando tanta iniqüidade, falta de respeito, ganância e desfaçatez. Parodiando Churchill: “Nunca tantos, roubaram tanto em tão pouco tempo”. Uma gente vagabunda e sórdida.

NA PANELA – Vendo a lista de pré-candidatos a prefeito de Natal, que a cada dia aumenta mais, lembro-me muito da “palha de caranguejo” que vendedores do crustáceo carregam à venda aos apreciadores do produto. No final, todos os caranguejos terminam na panela, em água fervente. Bom mesmo é continuar no fundo do mar.

GERAIS

- O cantor romântico Bartô Galeno também tem vez no veraneio dos chiques e os nem tanto, em Tibau. Ele canta por lá no próximo sábado, no Maresias. Ave, Bartô!
- Segundo ouvi de fonte muito credenciada, a polícia está a um passo de desvendar completamente a morte bárbara do servidor do INSS Augusto da Escóssia Neto, ocorrida no início deste ano, em Mossoró.
- Obrigado à leitura deste Blog a Graça Motta, deputada estadual Larissa Rosado (PSB) e ao jornalista Max Fonseca.

SÓ PRA CONTRARIAR

É recomendável que algumas autoridades publicam tomem mais cuidado com sua vida privada. Depois que inventaram essas câmeras fotográficas em celulares...

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Comunicado final deste Blog Jornalístico

A partir de hoje, um novo endereço na Internet responde pelo trabalho jornalístico que procuro desenvolver neste universo virtual. Depois de...