Cidadania, medo e coragem
Recordo que há alguns anos, dirigindo a redação da Gazeta do Oeste, uma senhora esmiúça determinada queixa, mas pede para não ‘aparecer’. No cerne da questão havia clara injustiça contra seu pai.
- Mas se precisarmos de seu testemunho eu posso contar?
Ela, de chofre, olhos quase saltando fora, expressão facial de pânico, negativa: “Não, de modo algum; eu posso ser prejudicada!”
O episódio que narro acima, sinteticamente, ilustra bem a postura comum que ao longo de 22 anos de profissão tenho testemunhado. Em raras situações vejo o povo sendo povo, exercitando a cidadania e sendo parte ativa na defesa dos próprios direitos.
O elementar é a crítica ao Ministério Público, imprensa e polícia, além do próprio Judiciário, quanto à impunidade. Poucos assumem suas próprias fraquezas ou se propõem a combater o imobilismo, enfrentando o medo.
Tem sido mais fácil apenas arranjar culpados do que se alistar na infantaria da própria sobrevivência digna.
Tudo isso me lembra o general prussiano Von Clausewitz: “O medo é o instinto de preservação física e a coragem o instinto de preservação moral”.
Reflita.
PRIMEIRA PÁGINA
SU(S)JEIRAS – A operação feita pela Polícia Federal com forte aparato, nessa quinta, 18, à tarde, na Casa de Saúde Dix-sept Rosado em Mossoró (veja matéria abaixo desta coluna, ontem à noite), não é uma diligência isolada e pontual. Trata-se de uma ação integrada, desencadeada para apurar o sorvedouro de dinheiro público no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2004 e o ano passado, também receberam a ‘visita’ da Federal a Gerência Executiva de Saúde e Secretaria de Tributação da Prefeitura de Mossoró.
SU(S)JEIRAS II – Estão participando das diligências no caso, num trabalho integrado, a Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e a Auditoria do Ministério da Saúde. Ao contrário do que o grosso da imprensa divulga e a prefeitura vende, o cenário do setor sanitário em Mossoró é criminoso, de clara delinqüência e com consideráveis prejuízos à população, em especial a mais carente.
SU(S)JEIRAS III - Não posso divulgar tudo que sei para não prejudicar o serviço saneador e cívico dessas instituições, mas a cidade aos poucos vai ser informada sobre as principais questões. Os homens de branco envolvidos normalmente posam de beneméritos e muitos estão ricos graças à esperteza com que manipulam a necessidade alheia, empalmando o dinheiro público. A municipalização da saúde em Mossoró se transformou na institucionalização do setor como moeda eleitoral e favorecimento a poucos médicos, clínicas e laboratórios. Quem não fizer parte da patota, está fora.
SU(S)JEIRAS IV – Recordo que ao me associar em trabalho de confecção de um novo veículo impresso, com o jornalista Carlos Duarte, ao final de 2003, o quinzenal Página Certa (http://www.jornalpaginacerta.com.br/), fomos motivos de escárnio. Risos irônicos, desdém e até o apelido de “jornaleco pirata”. Eis que passado tão pouco tempo, o JPC talvez seja quem mais cumpra o papel informativo-formador que a mídia precisa assumir. Várias denúncias que mapeiam a roubalheira no Sus e em outras esferas públicas, com repercussão nacional, nasceram no ‘pirata’. Vivendo e aprendendo. Faz-me lembrar, fazendo trocadilho, da sabedoria milenar dos chineses: não existe jornal pequeno.
GERAIS
- Segundo estatística do Itep em Mossoró, que cobre 67 municípios, foram necropsiados 526 corpos em 2006, contra 419 em 2005.
- O melhor do Carnaval de Mossoró ficará mesmo por conta do “Carnabuco”, organizado por um grupo de amigos, que acontece na quarta-feira de cinzas e exalta músicas como frevo e marchinhas.
- Obrigado à leitura deste Blog a Ricardo Guilherme de Góis, Josivan Soares e Moisés Soares.
SÓ PRA CONTRARIAR
O consumo de Prozac e Diazepan aumentou consideravelmente nos últimos dias em Mossoró.
Recordo que há alguns anos, dirigindo a redação da Gazeta do Oeste, uma senhora esmiúça determinada queixa, mas pede para não ‘aparecer’. No cerne da questão havia clara injustiça contra seu pai.
- Mas se precisarmos de seu testemunho eu posso contar?
Ela, de chofre, olhos quase saltando fora, expressão facial de pânico, negativa: “Não, de modo algum; eu posso ser prejudicada!”
O episódio que narro acima, sinteticamente, ilustra bem a postura comum que ao longo de 22 anos de profissão tenho testemunhado. Em raras situações vejo o povo sendo povo, exercitando a cidadania e sendo parte ativa na defesa dos próprios direitos.
O elementar é a crítica ao Ministério Público, imprensa e polícia, além do próprio Judiciário, quanto à impunidade. Poucos assumem suas próprias fraquezas ou se propõem a combater o imobilismo, enfrentando o medo.
Tem sido mais fácil apenas arranjar culpados do que se alistar na infantaria da própria sobrevivência digna.
Tudo isso me lembra o general prussiano Von Clausewitz: “O medo é o instinto de preservação física e a coragem o instinto de preservação moral”.
Reflita.
PRIMEIRA PÁGINA
SU(S)JEIRAS – A operação feita pela Polícia Federal com forte aparato, nessa quinta, 18, à tarde, na Casa de Saúde Dix-sept Rosado em Mossoró (veja matéria abaixo desta coluna, ontem à noite), não é uma diligência isolada e pontual. Trata-se de uma ação integrada, desencadeada para apurar o sorvedouro de dinheiro público no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2004 e o ano passado, também receberam a ‘visita’ da Federal a Gerência Executiva de Saúde e Secretaria de Tributação da Prefeitura de Mossoró.
SU(S)JEIRAS II – Estão participando das diligências no caso, num trabalho integrado, a Polícia Federal, Controladoria Geral da União (CGU) e a Auditoria do Ministério da Saúde. Ao contrário do que o grosso da imprensa divulga e a prefeitura vende, o cenário do setor sanitário em Mossoró é criminoso, de clara delinqüência e com consideráveis prejuízos à população, em especial a mais carente.
SU(S)JEIRAS III - Não posso divulgar tudo que sei para não prejudicar o serviço saneador e cívico dessas instituições, mas a cidade aos poucos vai ser informada sobre as principais questões. Os homens de branco envolvidos normalmente posam de beneméritos e muitos estão ricos graças à esperteza com que manipulam a necessidade alheia, empalmando o dinheiro público. A municipalização da saúde em Mossoró se transformou na institucionalização do setor como moeda eleitoral e favorecimento a poucos médicos, clínicas e laboratórios. Quem não fizer parte da patota, está fora.
SU(S)JEIRAS IV – Recordo que ao me associar em trabalho de confecção de um novo veículo impresso, com o jornalista Carlos Duarte, ao final de 2003, o quinzenal Página Certa (http://www.jornalpaginacerta.com.br/), fomos motivos de escárnio. Risos irônicos, desdém e até o apelido de “jornaleco pirata”. Eis que passado tão pouco tempo, o JPC talvez seja quem mais cumpra o papel informativo-formador que a mídia precisa assumir. Várias denúncias que mapeiam a roubalheira no Sus e em outras esferas públicas, com repercussão nacional, nasceram no ‘pirata’. Vivendo e aprendendo. Faz-me lembrar, fazendo trocadilho, da sabedoria milenar dos chineses: não existe jornal pequeno.
GERAIS
- Segundo estatística do Itep em Mossoró, que cobre 67 municípios, foram necropsiados 526 corpos em 2006, contra 419 em 2005.
- O melhor do Carnaval de Mossoró ficará mesmo por conta do “Carnabuco”, organizado por um grupo de amigos, que acontece na quarta-feira de cinzas e exalta músicas como frevo e marchinhas.
- Obrigado à leitura deste Blog a Ricardo Guilherme de Góis, Josivan Soares e Moisés Soares.
SÓ PRA CONTRARIAR
O consumo de Prozac e Diazepan aumentou consideravelmente nos últimos dias em Mossoró.
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