Crônica do canibalismo anunciado
Em diálogo com este Blog, o deputado federal e candidato a vice-governador, Ney Lopes (PFL), desconversa sobre um questionamento delicado, mas deixa escapar o que é verdade latente: o consórcio político entre PFL e PMDB no plano estadual, este ano, não deve ter vida eterna. Alguém vai devorar o parceiro adiante, sem que isso represente um canibalismo consentido. O ecossistema político determinará – pela lei suprema do mais forte – quem será a comida do outro.
- Quem vai engolir quem nas eleições municipais de 2008?
- Bem, aí é outra eleição; vamos cuidar dessa – separa Ney Lopes.
Os dois maiores e mais tradicionais partidos em atividade no RN sabem que fazem um casamento por conveniência. O dote de uso comum é conjuntural, ou seja, vencer a governadora Wilma de Faria (PSB) – inimiga de ambos, até que outra vez os interesses se conflitem. O que não deve demorar.
Há algum tempo, Ney Lopes engendrava uma tese de configuração química para justificar que “PFL e PMDB são água e óleo: não se misturam”. Agora, inteligente, ele reformula o conceito, sem abandonar a fórmula. Não se trata da descoberta da Pedra Filosofal, mas cai bem à época de um arremedo de paz pública que a exemplo da primeira, nos anos 70, tem tudo para produzir vítima e verdugo. A história se repetirá.
- Olha, eu explico que o óleo tem seu papel orgânico, da mesma forma que a água é fonte purificadora, sem que ambas se junte, mas são importantes – explica.
No discurso à noite de quarta, 5, em jantar de adesão organizado pelo PFL, no Sesc de Mossoró, Ney cunhou uma frase que pretende ecoar na campanha: “Ninguém precisa explicar a paz, porque a paz não se explica”. É vero. Faz sentido.
Mas nesse caso, o que a opinião pública aguarda é uma justificativa verossímil. Não cola o enredo plantado de composição em nome do desenvolvimento do RN. Essa harmonia “budista”, decantada pelos personagens da nova paz pública, não sobrevive a mais elementar das perguntas:
- Quem vai engolir quem nas eleições municipais de 2008?
Dá para fazer uma analogia com episódio quase desconhecido da ocupação do que hoje conhecemos como Austrália. Em seu período colonial, um prioneiro de origem irlandesa, Alexander Pearce, fugiu da prisão ao lado de mais sete segregados. Dois meses depois, apenas Pearce foi recapturado.
Indagado sobre o destino dos demais facínoras, ele narrou que aquela récua foi comendo uns aos outros para sobreviverem naquela terra inóspita. Sobrou Pearce. Ninguém levou a sério seu relato. Meses depois, Pearce foge novamente e ganha a companhia de outro bandido.
Localizado numa savana, Pearce não precisou provar que sua versão anterior sobre o desparecimento dos fugitivos era verdadeira, apesar de tétrica. Entre seus mantimentos estava um pedaço do “amigo” de cela, para lhe garantir mais um dia de sobrevivência.
Em diálogo com este Blog, o deputado federal e candidato a vice-governador, Ney Lopes (PFL), desconversa sobre um questionamento delicado, mas deixa escapar o que é verdade latente: o consórcio político entre PFL e PMDB no plano estadual, este ano, não deve ter vida eterna. Alguém vai devorar o parceiro adiante, sem que isso represente um canibalismo consentido. O ecossistema político determinará – pela lei suprema do mais forte – quem será a comida do outro.
- Quem vai engolir quem nas eleições municipais de 2008?
- Bem, aí é outra eleição; vamos cuidar dessa – separa Ney Lopes.
Os dois maiores e mais tradicionais partidos em atividade no RN sabem que fazem um casamento por conveniência. O dote de uso comum é conjuntural, ou seja, vencer a governadora Wilma de Faria (PSB) – inimiga de ambos, até que outra vez os interesses se conflitem. O que não deve demorar.
Há algum tempo, Ney Lopes engendrava uma tese de configuração química para justificar que “PFL e PMDB são água e óleo: não se misturam”. Agora, inteligente, ele reformula o conceito, sem abandonar a fórmula. Não se trata da descoberta da Pedra Filosofal, mas cai bem à época de um arremedo de paz pública que a exemplo da primeira, nos anos 70, tem tudo para produzir vítima e verdugo. A história se repetirá.
- Olha, eu explico que o óleo tem seu papel orgânico, da mesma forma que a água é fonte purificadora, sem que ambas se junte, mas são importantes – explica.
No discurso à noite de quarta, 5, em jantar de adesão organizado pelo PFL, no Sesc de Mossoró, Ney cunhou uma frase que pretende ecoar na campanha: “Ninguém precisa explicar a paz, porque a paz não se explica”. É vero. Faz sentido.
Mas nesse caso, o que a opinião pública aguarda é uma justificativa verossímil. Não cola o enredo plantado de composição em nome do desenvolvimento do RN. Essa harmonia “budista”, decantada pelos personagens da nova paz pública, não sobrevive a mais elementar das perguntas:
- Quem vai engolir quem nas eleições municipais de 2008?
Dá para fazer uma analogia com episódio quase desconhecido da ocupação do que hoje conhecemos como Austrália. Em seu período colonial, um prioneiro de origem irlandesa, Alexander Pearce, fugiu da prisão ao lado de mais sete segregados. Dois meses depois, apenas Pearce foi recapturado.
Indagado sobre o destino dos demais facínoras, ele narrou que aquela récua foi comendo uns aos outros para sobreviverem naquela terra inóspita. Sobrou Pearce. Ninguém levou a sério seu relato. Meses depois, Pearce foge novamente e ganha a companhia de outro bandido.
Localizado numa savana, Pearce não precisou provar que sua versão anterior sobre o desparecimento dos fugitivos era verdadeira, apesar de tétrica. Entre seus mantimentos estava um pedaço do “amigo” de cela, para lhe garantir mais um dia de sobrevivência.
PRIMEIRA PÁGINA
MUITO PANO – Em Santa Cruz, terra do deputado federal Iberê Ferreira (PSB), candidato a vice-governadora na chapa de Wilma de Faria (PSB), é possível se identificar bandeira com o nome de Garibaldi Filho (PMDB) confeccionada em 51 metros, enquanto a da governadora chegaria a 36 metros.
COMBINANDO – Candidata ao Senado, a ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PFL) cuidou dos mínimos detalhes para agradar aos ex-adversários do PMDB, participantes de jantar de adesão do seu partido em Mossoró, à noite de ontem no Sesc (veja matéria já postada hoje neste Blog). Usava um agasalho verde (tipo pulôver) sobre a blusa, numa alusão à simbologia do peemedebismo no Estado. Para retribuir o mimo, o deputado federal Henrque Alves (PMDB) vestia uma camisa verde, com detalhe em rosa-choque.
AUSENTE – No jantar de adesão do PFL mossoroense, acabou existindo uma baixa representatividade da classe produtiva mossoroense. Apenas alguns gatos pingados, e a maioria distante do teto econômico do município. Será ainda ranço do período de arrocho fiscal, com ICMS antecipado e caça implacável ao empreendedor, bancado por Garibaldi Filho governador?
ENTUSIASMO – Em seu discurso no Sesc, a prefeita Fafá Rosado (PFL) dedicou especial atenção ao deputado federal Henrique Alves (PFL), lembrando antiga ligação política, época em que fazia parte do peemedebismo e sistema do ex-deputado Laíre Rosado, hoje no PSB. Mas convocou a militância à luta: “Não existe campanha ganha; existe candidatos bons (sic)”.
AQUI – Tudo indica que o primeiro comicio da “Vontade Popular, aliança oposicionista no Estado, deverá ser em Mossoró. A data – a princípio – é o dia 15 próximo. Seria uma deferência, a mais, do candidato a governador Garibaldi Filho à candidata ao Senado, ex-prefeita Rosalba Ciarlini.
CADA VOTO – Discursando à noite passada, Garibadi Filho pediu para que ninguém saísse apressadamente. Seu intento, disse, era ir em cada mesa – cerca de 200, para cumprimentar a todos os presentes. Além disso, ponderou que ninguém se apavorasse, visto que os próximos encontros não teriam cobrança de adesão. O apoio seria efetivamente nas urnas. Foi um dos últimos a sair do Sesc, por volta de 00h10, perambulando entre as mesas no aperto de mão. Foi seguido de perto por Rosalba. “Casadinho, coladinho, amarradinho”, como assinalou a ex-prefeita em sua oratória.
TÍTULO – O ex-deputado Carlos Augusto ficou todo prosa, com o elogio recebido de público do candidato Garibaldi Filho. “Carlos Augusto sabe costurar e dá o nó”, definiu. Acrescentou que na condição de adversário do marido de Rosalba, “só ouvia dizer que ele era o Ravengar (personagem astuto de uma novela satírica da Rede Globo nos anos 80).” Carlos ficou lívido, quase levitando.
GERAIS
- A TV Mossoró, concessão pública que está sob controle da Fundação Vingt Rosado, poderá perder o direito de funcionamento. A empresa veicula indevidamente programação comercial, quando o padrão seria educativo. A Anatel flexibilizou fiscalização esperando reordenamento no rumo da emissora do grupo da deputada Sandra Rosado (PSB).
- Quem circulou em Mossoró acompanhando comitiva peemedebista, ontem, foi o publicitário Ricardo Rosado da Faz Propaganda.
- Está sofrível o serviço da Internet a Rádio da Mikrocenter. Este blogueiro tem suado a camisa e controlado a paciência para não faltar aos seus webleitores Oh, my Blog!!
- Aviso aos navegantes: Mossoró terá sábado mais uma edição da sua (ou deles, você é quem sabe) “Parada Gay”. Alegria não vai faltar, bem festiva como Mossoró.
- Reencontro com Walter Pinto no jantar de adesão do PFL. Ele dirigiu o Hospital Tancredo Neves (hoje Tarcísio Maia) em Mossoró. Profissional qualificadíssimo na administração hospitalar, Walter participa de equipe que elabora o Plano de Governo de Garibaldi Filho no ítem Saúde Pública.
- O repórter social Chrystian de Saboya prepara festa por seus quatro anos de Diário de Natal. Será no dia 12 de agosto em grande estilo. Como sempre.
- Pronto! E agora? Depois da desclassificação de Portugal, por quem os sinos da preferência tola, do brasileiro, vão se dobrar? Querer gozar no falo alheio é flórida.
- Lembro que a Segunda Edicão diária desta coluna será postada no período vespertino. Aguarde. Acesse. Mais novidades sobre os bastidores da política.
- Um corpo já bastante decomposto foi encontrado na manhã de hoje na zona rural de Umarizal. Até o fechamento desta coluna (11h), não se tinha sua identificação.
- Obrigado a Meire Simone, mulher do deputado federal Betinho Rosado (PFL); gerente municipal Ossivaldo Júnior; médico Eider Medeiros e publicitário Alexandre Macedo (Base Comunicação) pelo acesso a este Blog.
SÓ PRA CONTRARIAR
Uma pergunta que não quer calar: “Quem vai comer quem em 2008?”
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