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Quais foram as vítimas do Arenebê?

Como temos memória curta, talvez não lembremos mais quais foram os protagonistas ou mesmo as vítimas do Acórdão, Paz Pública, ou Arenebê, que eram as denominações dadas, nas eleições de 1978, ao acordo feito pelos lideres Tarcísio Maia e Aluízio Alves, unindo de forma esdrúxula, a ARENA, governista, e grande parte do MDB, para elegerem Jessé Freire, candidato arenista.
O quadro em Mossoró, era mais ou menos o seguinte: candidatos do MDB seguindo o líder Aluízio: Leodécio Neo, candidato a deputado Federal; Manoel Mário, Assis Amorim e Luiz Sobrinho, candidatos à Assembléia Legislativa, sendo que os dois últimos tentavam a reeleição.
Ainda tinha pelo MDB, J. Belmont, que, rebelando-se contra o sistema aluizista , candidatou-se a deputado federal e seguiu a candidatura do seu partido ao senado, Radir Pereira.
Na ARENA, a salada era quase a mesma, pois Jessé Freire não contou com o apoio do deputado Federal de seu partido na cidade, Vingt Rosado, que em dobradinha com o sobrinho Carlos Augusto, apoiou indiretamente Radir Pereira, do MDB. Surgiu, e foi estimulada abertamente pelo rosadismo, a chapa CARAVAN: iniciais de Carlos Augusto, Radir e Vingt.
Quem foi eleito e quem sobrou? Da Arena, todos citados, nessa pequena retrospectiva, galgaram êxito. Do MDB, inversamente, todos foram derrotados e apenas Radir Pereira voltou a exercer cargos públicos (vice-governador, chegando a assumir o governo) e o próprio Aluízio Alves, que apesar de não ter sido candidato em 1978, sofreu fragorosa derrota nas eleições estaduais seguintes, mas depois conseguiu dar a volta por cima e, além deter sido eleito Deputado Federal, foi Ministro de Estado.
A pergunta é a seguinte: quem consegue sobreviver, politicamente, depois de um grande acordo que mexe com todo o azimute político? Quem engolirá quem, num claro processo antropofagia política, tão parecido com o ocorrido a quase trinta anos atrás?

* Vicente Ibérico é analista político por diletantismo e autor deste artigo