domingo, janeiro 07, 2007

Crônica (Valtércio Silveira)

Augusto Escóssia, por que você?

Acredito que a nossa breve passagem por esta vida, seja regida pelos desígnios de DEUS, mas, ao me deparar com situações como a que aconteceu com você caro amigo, chego a duvidar das minhas convicções. Não posso acreditar que pessoas de tão boa índole, de educação irreparável, de coração tão puro, de tanta sinceridade, de respeito inquestionável, de conduta irretocável, tenham que fazer sua última viagem manipuladas por uma inominável perversidade.

Chego a me questionar, será que os bons têm que ser mártires?, será que os bons têm que ter seu sangue derramado para que a sociedade desperte e sinta que são demais os perigos desta vida? Foi assim com você, foi assim com os pais daquela moça ( ou monstro? ) em São Paulo e a história continua se repetindo, assim vemos e assistimos diariamente pelos meios de comunicação. Há que se fazer algo, não me cabe sugerir o que, mas, crimes hediondos como este não merecem o mesmo tratamento que se dá a uma mãe que, desesperada ao ver seu filho faminto, vai a um supermercado e rouba uma lata de margarina.

E agora meu caro amigo Augusto Escóssia? Seu Pai, o também amigo Jeremias, sua mãe, Dona Ilná, seus irmãos e irmãs, seus inúmeros amigos e, aqueles velhinhos e velhinhas que você atendia carinhosamente no balcão do INSS, como ficarão? É muito difícil ficar com a sua ausência, com a falta da sua presteza, com a falta daquele sorriso sempre estampado em seu rosto, sem o seu coração de bom homem.

Lembro-me do nosso último encontro ocorrido no saguão do INSS, você, como sempre, me chamava de 'doutor Valtércio'. “Brigávamos” por isto, e eu sempre perdia a guerra, como de costume Como fazia com todos, você me indagou o porquê de eu estar ali, expliquei-lhe e você me acompanhou até a sala em que Domingos trabalha; lembro-me que todas as vezes que nos despedíamos eu pedia para você transmitir um abraço para Jeremias e minhas respeitosas saudações à dona Ilná Reparava o brilho que eclodia em seus olhos quando eu os citava, era um brilho diferente, era o brilho de quem amava e ama, era o espelho da alma de um bom filho e de um cidadão digno.

Lembro-me do dia em que lhe conheci, você, ainda menino, com cerca de 12 anos e eu, recém formado, fui à serraria de Jeremias comprar umas portas, chamou-me a atenção, pois ao vê-lo na companhia do seu pai, tentando ajudá-lo no que fosse possível, eu me recordei da época em que tinha os mesmos 12 anos que você tinha, lá estava eu, ao lado do meu saudoso Pai “Lúcio José da Silveira”, no então Armazém Triunfante, hoje Loja do Papai também tentando ajudá-lo no que fosse possível. Nascia ali uma amizade pautada no respeito mútuo, assim como, tempos depois, tornei-me amigo dos seus irmãos “Escóssia, Frederico e Nadja”.

Sem você, meu caro amigo Augusto Escóssia, nossa terra está mais pobre, os corações dos que com você conviviam, sangram com a dor do “nunca mais”, e, só nos resta um alento, o de saber que “ a Justiça Divina nem tarda e nem falha “.

Descanse em paz, dileto amigo. Certamente este mundo não lhe merecia.

Valtércio Anunciato da Silveira - Eng. Civil – CREA – 917RN

Relp1@terra.com.br

Um comentário:

Anônimo disse...

Que bela demonstração de amizade, conterrâneo Valtércio. Nós aqui no Ceará estamos tristes por tão brutal perda.
Abraços,
Borjão

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