Discurso da Discórdia
Contratado pelo empresário Diran Amaral para assessorar na comunicação o jovem Frederico Rosado, candidato a deputado estadual, o jornalista Gutemberg Moura mergulha na missão.
Empolgado com discurso feito pelo filho do alto de um trio-elétrico, Diran Amaral não se contém e trombeteia em sua voz metálica: “É o melhor da campanha”. De chofre, vai logo recomendando ao magérrimo “Bergüinho” que não perca um único detalhe no gravador, para posterior reprodução do material.
- E aí, Berguinho!? Tudo beleza? Deixe-me ouvir de novo essa maravilha.
Suando frio, mas impelido a falar a verdade, Gutemberg Moura confessa o infortúnio: “Diran, não gravei nada. O gravador deu uma pane”.
Conhecido por seu temperamento explosivo, o empresário Diran Amaral começa a abrir o leque de desaforos contra o jornalista. Esse, também de pavio curto, devolve a grosseria, acrescentando o arremesso do equipamento na parede.
Apesar de viver em constantes arranca-rabos com Gutemberg, Diran nutria enorme feição por ele e trata de aplacar o mal-humor próprio e do seu amigo:
- Calma, Berguinho, calma.
- Calma o quê, Diran? - diz indócil o jornalista.
- Vamos comer um macarrãozinho. Você não jantou ainda e está muito magrinho. Depois, Frederico vai fazer um discurso ainda melhor. Vamos, Berguinho...
E saíram abraçados 
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