quarta-feira, agosto 02, 2006

COLUNA DO HERZOG (Primeira Edição)

Coca-cola e tubalina

É lugar-comum, mas vale ser repetido: a sabedoria milenar chinesa ensina que “não há inimigo pequeno”.

Em se tratando de política, esse aforismo deve ser visto com propriedade ainda maior. Não dá para vacilar quando o destino de uma candidatura está nas mãos de centenas, milhares e às vezes milhões de pessoas.

Na corrida eleitoral que assistimos de camarote, envolvendo preferencialmente três candidatos, os argumentos em defesa de cada postulante são os mais variados. Dependendo de quem emite um raciocínio, em alguns momentos é possível se perceber uma preferência que destoa da realidade.

Efetivamente, não temos adversário de pequeno porte, no leque de candidaturas onde estão nomes como Rosalba Ciarlini (PFL), Fernando Bezerra (PTB) e Geraldo Melo (PSDB).

Todos estão em condições de vencer, mas há apenas uma vaga.

O fato de Fernando Bezerra e Geraldo Melo serem os mais conhecidos do eleitor, segundo o raciocínio de alguns, determinaria a inclinação para o confronto final entre ambos. É possível, mas não é algo exato como a matemática.

Noutra frente, se deduz que Rosalba deverá ganhar porque é a menos conhecida e, a partir da exposição em TV, deslanchará em relação aos demais. É possível, mas também não se trata de um 2 + 2 = 4.

Há prós e contras incidindo sobre cada um dos principais candidatos ao Senado.

No primeiro caso descrito aqui, ‘ser conhecido’ também pode representar inclinação desfavorável. Se o indivíduo, numa analogia grotesca, é amplamente conhecido como mau pagador, ao tentar fazer uma compra a prazo, tende a ser rejeitado pelo prontuário.

Quanto ao detalhe de ‘não ser conhecido’, lançamos mão de outro comparativo em forma de metáfora. É como uma disputa de mercado entre a poderosa Coca-cola e as tubalinas (refrigerantes em grandes garrafas e oriundas de indústrias modestas).

Sem visibilidade, a tubalina tem pelo menos duas missões extremamente difíceis numa concorrência de mercado: a primeira é ser vista, ou seja, mostrar a cara (o líquido, o sabor, embalagem, preço etc). Depois, é ser lembrada-aceita em substituição ao tradicional, o ‘conhecido’. Uma missão bem mais complexa.

Portanto, em se analisando as candidaturas que temos aí, é um jogo entre coca-colas e tubalinas. Tem candidato ao Senado com menos de 1%, que realmente não é conhecido. Porém, mesmo com abundante exposição na TV não sairá do lugar. Não ser um nome badalado não determina que seja aceito só porque supostamente é novo.

A dialética em torno da questão é menos primária e tosca do que muitos elevam, em debates na imprensa. Rosalba não será eleita pelo fato de ser, hoje, menos conhecida; Geraldo não vai ganhar por ser ex-senador e ex-governador. E quanto a Fernando, da ala ‘conhecida’, ser atual senador é positivo e negativo.

Trabalhar bem as filigranas entre esses caminhos que separam os dois extremos é que determinará o vencedor. Coca-cola ou tubalina? Não sei. Hoje, não sei.

PRIMEIRA PÁGINA

ATRASO – Impressiona como o grupo da governadora Wilma de Faria (PSB) comunica-se mal. Continua se comunicando mal. Em plena campanha à reeleição ainda não montou sequer uma estrutura de comunicação no segundo maior colégio eleitoral do RN ou considera a necessidade dessa medida. Enquanto isso, a oposição faz exatamente o contrário. Os “donos” da candidatura wilmistas cuidam da comunicação de massa com a mentalidade do atraso, focada na tese dos ‘auditórios universais’, visados pela TV. Esquecem que a segmentação é o forte. Mas se erraram durante quase quatro anos, por que acertariam agora? Talvez seja patológico ou mesmo fruto da arrogância besta.

DUPLO – Na ânsia de mostrar expansão em ritmo numérico-geométrico, de sua chapa majoritária, a aliança “Vontade Popular” está exagerando. Noticia que o ex-prefeito Expedito Leonez (PFL) firmou adesão à chapa completa. Mas isso é fato há tempos. Expedito é rosalbista histórico e “da casa” do casal Carlos Augusto-Rosalba Ciarlini (PFL), não sendo crível que ocorresse diferente. Adesões iminentes e consideráveis são as citadas em primeira mão por este Blog ontem. A maioria, a coordenação de campanha não estava cientificada até então.

CASMURRO – O ex-deputado estadual Carlos Augusto tem recrudescido sua casmurrice, devido a contumácia com que Felipe Maia (PFL) investe em Mossoró, atrás de votos para se eleger deputado federal. Ele, como é próprio de Rosados do A e do B, quer o município como monopólio, no caso para o deputado federal e seu irmão Betinho Rosado (PFL). Com aquela maciez atávica dos ancestrais do sertão, o pai de Felipe e primo de Carlos, senador José Agripino (PFL), vai driblando o mau humor alheio e puxando o filho Felipe por Mossoró. Está certo. O voto é livre.

PAI-DE-SANTO – A coordenação de campanha do médico Leonardo da Vinci (PFL) precisa ser mais cautelosa em suas programações de rua. A última que promoveu na cidade, a caminhada “Pela paz e a saúde”, foi flácida, sofrível, patética e motivo de piadas jocosas. A cobrança para que a “militância” fosse toda de branco produziu a impressão de que se realizava um “congresso de umbandistas” no “centro” – ou terreiro - de Mossoró. Além disso, a divulgação que seria um manifesto de apoio dos médicos, também amiudou. No máximo, dos cerca de 170 doutores locais, tinham uns seis ou sete. Não se divulgou por escrito, como recomendável, o apoio médico.

SABEDORIA – “Comício bom é aquele em que a gente não conhece quase ninguém”. Frase do prefeito Dix-huit Rosado para ensinar, que excesso de cargos comissionados em evento partidário produz efeito enganoso. Já o velho “Bico Doce”, apelido dado por Cosme “Vovô” (antigo funcionário de O Mossoroense), ao deputado Vingt Rosado, tinha outro termômetro: a quantidade de “bêbados e crianças” no seu encalço lhe dava uma boa impressão da candidatura. Quanto ao ex-vereador Expedito Bolão, a receita era que não faltassem “baitolas, cornos e putas”. Todos estavam certos.

GERAIS

- Tem sido numeroso o quantitativo de ocorrências de furtos de caixas de contadores da Cosern e Caern em Mossoró. O crime é resultado de um vício: o crack. Pratica-se o delito para compra das pedrinhas.
- A prefeita mossoroense Fafá Rosado (PFL) fez visita hoje pela manhã às obras contínuas de reforma no Estádio Nogueirão. Seu governo tem dado um apoio exemplar ao futebol profissional da cidade.
- O jornalista e escritor Franklin Jorge dá um testemunho hoje na página 2 do Jornal de Fato, que assino embaixo. O canto do natalense Rodolfo Amaral é envolvente, um artista que Mossoró e outras plagas precisam conhecer.
- Até o início da manhã de hoje a polícia não tinha localizado a gangue que assaltou o BB de Pedro Avelino ontem. Sabe-se que um dos marginais foi baleado em confronto com a polícia.
- É hoje ao meio dia no Hotel Thermas, almoço oferecido pela Prefeitura de Areia Branca para detalhar a programação da festa de Nossa Senhora dos Navegantes. O período festivo ocorre entre 6 e 15 deste mês, concluído com a procissão marítima. Viva NSN!
- Obrigado ao secretário da Controladoria Municipal de Mossoró, Noguchi Rosado; jornalista Julierme Torres (De Fato); Advogado Herbert Mota e médico Damião Nobre pela leitura diária deste Blog.

SÓ PRA CONTRARIAR

Ao contrário da física, na política "nem tudo que sobe, desce".


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