A política do Estado a partir da vontade das urnas em outubro
Atendendo convite do semanário mossoroense Página Certa (www.jornalpaginacerta.com.br), este jornalista escreve uma série de reportagens analíticas sobre a política do RN, a partir dos resultados eleitorais de outubro passado.
Veja abaixo o primeiro leque de matérias (3), veiculado esta semana.
Outro cenário se forma para o futuro no ambiente político do RN
A segunda vitória consecutiva ao governo estadual de Wilma de Faria (PSB) pode representar o fim de um longo ciclo de poder no Rio Grande do Norte, que no passado remoto ela ajudou a sedimentar, fazendo parte de um dos pólos – a família Maia. Não é possível prever que isso esteja realmente ocorrendo, entretanto há indícios de que a “tabelinha” Alves e Maias terá dificuldade de ser reeditada.
Essa ruptura que Wilma desencadeia, é sua grande contribuição ao porvir. A ousadia dessa mossoroense, que tem em Natal desde 1988 a sua principal cidadela política, oferece ao futuro mais do que obras estruturantes como a ponte Forte-Redinha, densa recuperação da malha viária do Estado e outros investimentos. Vencer Maias e Alves em 2002 em separado e todos juntos em 2006, é emblemático.
Claro que ninguém deve descartar a hipótese de estarmos substituindo o vai-e-volta oligárquico por um novo modelo de dominação. É indisfarçável, que uma das anomalias do poder é justamente o continuísmo. Alternância é um mito vendido como primado da democracia, mas ninguém larga o “trono” por esse princípio. O comum é ser destronado por bem ou por mal.
O primeiro sinal de que algo estava se formando de diferente, na política do Rio Grande do Norte, não foi exatamente a vitória de Wilma de Faria em 2002, superando candidatos patrocinados por Alves e Maias. O entendimento no segundo turno das eleições à Prefeitura de Natal em 2004, juntando Alves, Maias e tudo mais, é que deixou esse fenômeno mais avivado. Wilma superou-os e com um candidato extraído da própria “costela” adversária, o ex-deputado e prefeito Carlos Eduardo (PSB), um Alves.
O acordão de 2006 foi um afunilamento do ocorrido em 2004, reforçando a tese de que Alves e Maias já não eram senhores do pedaço e precisavam se aglutinar, para combate a um inimigo comum: Wilma. Deu errado de novo. A candidatura do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), apoiada por um adversário histórico, senador José Agripino Maia (PFL), desabou diante de Wilma. Ela foi reeleita ao governo
O que pode acontecer adiante, é o desenho de um novo ambiente de disputa política, multipolar, com forças partidárias e de grupos criando uma alternância real e não simulada como se fosse um clube fechado. Novos atores estão se inserindo nesse contexto e muitos deles não querem ser apenas figurantes. O RN só tem a ganhar com isso. E a oposição terá que acordar à nova realidade, buscando outra fórmula para resgatar o poder, um brinquedo há décadas tratado como bem de famílias. Poucas famílias.
Carlos Santos - herzogcarlos@gmail.com
Atendendo convite do semanário mossoroense Página Certa (www.jornalpaginacerta.com.br), este jornalista escreve uma série de reportagens analíticas sobre a política do RN, a partir dos resultados eleitorais de outubro passado.
Veja abaixo o primeiro leque de matérias (3), veiculado esta semana.
Outro cenário se forma para o futuro no ambiente político do RN
A segunda vitória consecutiva ao governo estadual de Wilma de Faria (PSB) pode representar o fim de um longo ciclo de poder no Rio Grande do Norte, que no passado remoto ela ajudou a sedimentar, fazendo parte de um dos pólos – a família Maia. Não é possível prever que isso esteja realmente ocorrendo, entretanto há indícios de que a “tabelinha” Alves e Maias terá dificuldade de ser reeditada.
Essa ruptura que Wilma desencadeia, é sua grande contribuição ao porvir. A ousadia dessa mossoroense, que tem em Natal desde 1988 a sua principal cidadela política, oferece ao futuro mais do que obras estruturantes como a ponte Forte-Redinha, densa recuperação da malha viária do Estado e outros investimentos. Vencer Maias e Alves em 2002 em separado e todos juntos em 2006, é emblemático.
Claro que ninguém deve descartar a hipótese de estarmos substituindo o vai-e-volta oligárquico por um novo modelo de dominação. É indisfarçável, que uma das anomalias do poder é justamente o continuísmo. Alternância é um mito vendido como primado da democracia, mas ninguém larga o “trono” por esse princípio. O comum é ser destronado por bem ou por mal.
O primeiro sinal de que algo estava se formando de diferente, na política do Rio Grande do Norte, não foi exatamente a vitória de Wilma de Faria em 2002, superando candidatos patrocinados por Alves e Maias. O entendimento no segundo turno das eleições à Prefeitura de Natal em 2004, juntando Alves, Maias e tudo mais, é que deixou esse fenômeno mais avivado. Wilma superou-os e com um candidato extraído da própria “costela” adversária, o ex-deputado e prefeito Carlos Eduardo (PSB), um Alves.
O acordão de 2006 foi um afunilamento do ocorrido em 2004, reforçando a tese de que Alves e Maias já não eram senhores do pedaço e precisavam se aglutinar, para combate a um inimigo comum: Wilma. Deu errado de novo. A candidatura do senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), apoiada por um adversário histórico, senador José Agripino Maia (PFL), desabou diante de Wilma. Ela foi reeleita ao governo
O que pode acontecer adiante, é o desenho de um novo ambiente de disputa política, multipolar, com forças partidárias e de grupos criando uma alternância real e não simulada como se fosse um clube fechado. Novos atores estão se inserindo nesse contexto e muitos deles não querem ser apenas figurantes. O RN só tem a ganhar com isso. E a oposição terá que acordar à nova realidade, buscando outra fórmula para resgatar o poder, um brinquedo há décadas tratado como bem de famílias. Poucas famílias.
Carlos Santos - herzogcarlos@gmail.com
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