domingo, novembro 26, 2006

Poesia

Ofício poético

Sentado sobre a cama, a luz da vela
duplica a solidão que o penaliza.
Escreve num papel, que se amarela
ao foco dessa luz tão imprecisa.

Levanta e vai fumar junto à janela
— o peito aberto à esmola de uma brisa.
Recorda com desgosto o beijo dela,
ainda no batom preso à camisa.

Apóia os cotovelos no batente.
Inclina-se um bocado, espreita a rua,
e cospe na roseira à sua frente.

É tarde. Um galo canta no vizinho.
Então ele retorna e continua
os versos que deixou pelo caminho.

Marcos Ferreira, poeta e contista

Um comentário:

Anônimo disse...

Marcos com certeza é um dos maiores literatos de todo o nordeste. Parabens.

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