Edy Moura
Naquela memorável festa, do longínquo 1956, enquanto os jovens concluintes do curso de Contabilidade da União Caixeiral transpiravam de emoção, alegria e calor, provocados pelo ritual, pelos efusivos abraços dos convidados, da família e, logicamente, acrescidos, também, pelo mercúrio elevado dos termômetros que o clima da Terra de Santa Luzia sempre ostenta, uma jovem, de elegante porte, destoava do frenesi da turma pela serenidade esboçada. Cumpria todo o cerimonial de forma discreta.
Os passos e gestos continham um misto de segurança e tranqüilidade. Apresentava, despretensiosamente, naquela noite, o protótipo profissional que iria trilhar.
Como antes da formatura já atuava no escritório de seu irmão, Edmilson Moura, podemos dizer que são quase sessenta anos debruçados sobre o famoso método das "partidas dobradas". Débitos e créditos correspondidos.
Sem tergiversar e sem "jeitinhos" - brasileiro, mossoroense, ou seja lá de onde for. Sua retidão de caráter é exemplo para Mossoró e alhures. Ética, proba, reconhecida profissionalmente, e pessoalmente inatacável. É assim Edi Lima Moura. Sempre dedicada ao seu escritório e à contabilidade pública municipal, onde se aposentou recentemente e sobreviveu imune (o que já é uma verdadeira glória) ao maniqueísmo político provinciano.
Com os prefeitos e secretários, de quaisquer dos "lados", sua postura nunca foi alterada um só milímetro.
Seu escritório, sem alardes, funciona como uma verdadeira "fábrica" de discípulos. Quem passa por lá, adquire uma espécie de "abre-alas" para seu currículo. Sai "bem talhado". Aprende o que é trabalhar com seriedade, respeitando o cliente e fazendo-se respeitar. Não sente no ar cacoetes do tipo "esconder o jogo". Se enveredar pela chamada "carreira solo", ou seja, partir para montar seu próprio escritório, ou mesmo sair para atuar em qualquer outro segmento, não esquecerá das lições.
Em 1993, tive a oportunidade de conviver um pouco com dona Edi. Dirigi uma empresa da qual ela compunha o Conselho de Administração. Nas reuniões, ou assembléias, sua abalizada opinião emergia na hora conveniente e na medida certa. Sem aquelas circunvoluções tão comuns nessas ocasiões. Todos, atentos, ouviam e aprendiam. Críticas fundamentadas. Propostas sensatas. Elogios raros e sem paparicos.
Além das tarefas profissionais, a cidadã Edi Moura, também sem fanfarrice, encontra tempo e disposição para contribuir com a comunidade. A longa e significativa atividade na condução do Abrigo Amantino Câmara é prova cabal. O que hoje se convencionou chamar responsabilidade social, ela pratica faz tempo. Ah se cada um de nós dedicasse um pouco de nosso tempo e de nossa capacidade intelectual pra contribuir com obras importantes! Este mundo de danações poderia ser menos cruel.
Outro aspecto importante é a atenção dada aos familiares. Parafraseando o poeta João Lins Caldas, Edi Moura possui um "mundo de parentes...". A cada um sempre dedica uma palavra de apoio e incentivo, nos momentos de dificuldades. E todos a escutam por sabê-la, também, inesgotável fonte de estímulo para projetos e sonhos. A mão amiga tampouco fica restrita ao círculo sanguíneo. Outros tantos são merecedores de sua atenção, sem distinções. E o faz, biblicamente, sem que a doadora seja vista pela outra parte.
Foi dito, por um famoso pensador, que estaríamos vivendo um tempo em que seria necessária uma lupa para encontrarmos, em plena claridade do dia, um homem de bem. Gostaria de possuir meios para respondê-lo dizendo que, em Mossoró, sem maiores dificuldades, talvez sentados em um dos bancos da pracinha da igreja do Coração de Jesus, ao assistirmos dona Edi sair tranqüilamente de sua casa, encontraríamos uma mulher que superaria, sem a menor sombra de dúvidas, os requisitos exigidos para a qualificação procurada.
A Facem - Faculdade de Ciências Econômicas - bem que poderia iniciar os trâmites para que a Uern outorgasse o título de doutora honoris causa, a que faz jus nossa "contabilista-mor".
David de Medeiros Leite – Advogado e professor da Uern – davidmleite@hotmail.com
Naquela memorável festa, do longínquo 1956, enquanto os jovens concluintes do curso de Contabilidade da União Caixeiral transpiravam de emoção, alegria e calor, provocados pelo ritual, pelos efusivos abraços dos convidados, da família e, logicamente, acrescidos, também, pelo mercúrio elevado dos termômetros que o clima da Terra de Santa Luzia sempre ostenta, uma jovem, de elegante porte, destoava do frenesi da turma pela serenidade esboçada. Cumpria todo o cerimonial de forma discreta.
Os passos e gestos continham um misto de segurança e tranqüilidade. Apresentava, despretensiosamente, naquela noite, o protótipo profissional que iria trilhar.
Como antes da formatura já atuava no escritório de seu irmão, Edmilson Moura, podemos dizer que são quase sessenta anos debruçados sobre o famoso método das "partidas dobradas". Débitos e créditos correspondidos.
Sem tergiversar e sem "jeitinhos" - brasileiro, mossoroense, ou seja lá de onde for. Sua retidão de caráter é exemplo para Mossoró e alhures. Ética, proba, reconhecida profissionalmente, e pessoalmente inatacável. É assim Edi Lima Moura. Sempre dedicada ao seu escritório e à contabilidade pública municipal, onde se aposentou recentemente e sobreviveu imune (o que já é uma verdadeira glória) ao maniqueísmo político provinciano.
Com os prefeitos e secretários, de quaisquer dos "lados", sua postura nunca foi alterada um só milímetro.
Seu escritório, sem alardes, funciona como uma verdadeira "fábrica" de discípulos. Quem passa por lá, adquire uma espécie de "abre-alas" para seu currículo. Sai "bem talhado". Aprende o que é trabalhar com seriedade, respeitando o cliente e fazendo-se respeitar. Não sente no ar cacoetes do tipo "esconder o jogo". Se enveredar pela chamada "carreira solo", ou seja, partir para montar seu próprio escritório, ou mesmo sair para atuar em qualquer outro segmento, não esquecerá das lições.
Em 1993, tive a oportunidade de conviver um pouco com dona Edi. Dirigi uma empresa da qual ela compunha o Conselho de Administração. Nas reuniões, ou assembléias, sua abalizada opinião emergia na hora conveniente e na medida certa. Sem aquelas circunvoluções tão comuns nessas ocasiões. Todos, atentos, ouviam e aprendiam. Críticas fundamentadas. Propostas sensatas. Elogios raros e sem paparicos.
Além das tarefas profissionais, a cidadã Edi Moura, também sem fanfarrice, encontra tempo e disposição para contribuir com a comunidade. A longa e significativa atividade na condução do Abrigo Amantino Câmara é prova cabal. O que hoje se convencionou chamar responsabilidade social, ela pratica faz tempo. Ah se cada um de nós dedicasse um pouco de nosso tempo e de nossa capacidade intelectual pra contribuir com obras importantes! Este mundo de danações poderia ser menos cruel.
Outro aspecto importante é a atenção dada aos familiares. Parafraseando o poeta João Lins Caldas, Edi Moura possui um "mundo de parentes...". A cada um sempre dedica uma palavra de apoio e incentivo, nos momentos de dificuldades. E todos a escutam por sabê-la, também, inesgotável fonte de estímulo para projetos e sonhos. A mão amiga tampouco fica restrita ao círculo sanguíneo. Outros tantos são merecedores de sua atenção, sem distinções. E o faz, biblicamente, sem que a doadora seja vista pela outra parte.
Foi dito, por um famoso pensador, que estaríamos vivendo um tempo em que seria necessária uma lupa para encontrarmos, em plena claridade do dia, um homem de bem. Gostaria de possuir meios para respondê-lo dizendo que, em Mossoró, sem maiores dificuldades, talvez sentados em um dos bancos da pracinha da igreja do Coração de Jesus, ao assistirmos dona Edi sair tranqüilamente de sua casa, encontraríamos uma mulher que superaria, sem a menor sombra de dúvidas, os requisitos exigidos para a qualificação procurada.
A Facem - Faculdade de Ciências Econômicas - bem que poderia iniciar os trâmites para que a Uern outorgasse o título de doutora honoris causa, a que faz jus nossa "contabilista-mor".
David de Medeiros Leite – Advogado e professor da Uern – davidmleite@hotmail.com
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