sexta-feira, março 23, 2007

COLUNA DO HERZOG (Opinião)

Reforma? Que reforma?

O tempo passa e a reforma política que todos defendiam, consenso entre gregos, troianos e brasileiros, vai ficando no esquecimento ou soterrada por outras prioridades. Como já escrevi bem antes, ainda ano passado em plena campanha eleitoral, não haverá reforma alguma.

Não há interesse da chamada elite política nativa em modificar o que está aí. Em se tratando de regra, a existente, cheia de brechas, fomentando o bazar político e inibindo o surgimento de alternativas partidárias e ideológicas, é uma mão na roda. Com o que se tem, é possível comprar gente, alugar partidos e iludir multidões. Alguns até se transformam em salvadores da pátria.

Temos um modelo republicano-federativo-representativo de Estado, onde características excludentes de esquerda e direita como aprendemos, não existem mais. São palavras que apenas denotam sentido de direção. Sua essência etimológica, que remonta ao século XVIII, na assembléia francesa, desmanchou-se de vez no final do século XX.

Em termos de Brasil, o que há é uma doutrina de poder, baseada no vale-tudo saído de algum manual de maldades. No frigir dos ovos, roxos, temos o resultado de uma coletânea de Maquiavel, Cardeal Jules Mazarin e o nativo Golbery Silva.

Não é possível uma reforma mantendo eleições a cada dois anos. O país não anda e com a faculdade da reeleição, se instaura de vez a corrupção oficial.

Inadmissível que o indivíduo eleito para ser vereador, deputado ou senador, termine sendo cooptado para auxiliar executivo como secretário-ministro. A outorga popular do mandato é clara, não deveria caber o trampolim para acordões, com pousos em postos de confiança no executivo.

Pura miopia limitar número de partidos, como se o problema da infidelidade partidária e da negociata interpartidária, fossem chagas próprias dos nanicos. O corrupto existe pela ação do corruptor. A impunidade faz o hábito.

Tolice pensar em integridade, quando se permite que instrumentos como amplo direito à defesa, imunidade parlamentar e foro especial sirvam de valhacoutos para bandidos engravatados.

Delírio acreditar em voto livre, se o povo confunde cidadania com uma feira ou prato de sopa.

Não é uma multidão, como gado, que vota secretamente em seus representantes, que legitima uma democracia e, sim, o respeito de todos a leis estáveis e feitas para pobres e ricos.

Reforma? Que reforma?

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