quinta-feira, junho 08, 2006

COLUNA DO HERZOG

Castigo à preguiça e à irresponsabilidade

A classe política brasileira não tem do que se queixar, transferindo a outrem a responsabilidade pelo redemoinho causado pelo TSE, desde o dia 6 passado, quando resolveu tornar mais rigorosa a verticalização. A normatização existe desde 2002, quando as eleições gerais daquele ano foram realizadas sob a égide dessa medida, só que com certa flexibilidade nos estados.
O que o TSE fez, com muita propriedade, é exatamente tornar a legislação mais clara e homogênea. Tratou de cuidar da lei, já que o legislativo com todos os seus interesses claros e escusos, não o fez. Foram quase quatro anos para fazê-lo e não tomou providência em tempo hábil. Às vezes que agiu se pronunciou no tranco, às pressas, querendo reparar o tempo perdido em urgência urgentíssima.
Os políticos, com a preguiça e irresponsabilidade comuns a muitos – talvez a maioria – devem fazer um mea culpa. Os transtornos que vivem agora são retratos de sua própria inércia. Imagine só como eles agem em relação aos interesses maiores da coletividade brasileira.
Cada um dos líderes e interessados direta e indiretamente nas eleições que se aproximam, tratem de se mexer. Pelo visto, não vai ser possível – pelo menos na campanha deste ano – o partido ser “casado de papel passado” em Brasília e manter relacionamento com umas “putas” no RN, Paraíba, São Paulo, Rio Grande do Sul, Acre etc.
Esse harém partidário promíscuo não tem vez com a decisão fundamentalista, mas legal, do TSE.

PRIMEIRA PÁGINA

DRACON - Um webleitor, que prefere não se identificar, acha exagerado o comentário da coluna de ontem sobre a verticalização no RN. Não é excesso, é fato. Não é por acaso que líderes de partidos estão pressionando o TSE à flexibilização. Do jeito que foi decidido, os partidos estão diante de uma camisa-de-força draconiana. O estrago é muito maior até do que escrevi. Hoje dou mais uns passos na tentativa de dissecar o assunto, que tem implicações políticas severas, além de ser matéria de Direito. Portanto, um mar caudaloso, cheio de interrogações.
DRACON II - O termo draconiano não é aplicado por acaso. Originária de Dracon, dirigente e legislador da Grécia antiga, conhecido por suas medidas rigorosas, a palavra draconiana nunca se colocou com tanta propriedade na política nacional. A verticalização ortodoxa adotada pelo TSE causa um pânico generalizado, mas que afeta sobremodo a oposição na política nacional.
DRACON III – Se o TSE não recuar, dando um alívio, haverá um desmonte do que ainda existe da candidatura presidencial do Geraldo Alckmin (PSDB). O PFL não vai ficar colado a um candidato que não sobe, para colocar para baixo nomes viáveis nos estados. O PMDB que briga internamente tende a não ter candidato para ficar à vontade nos estados. O PT de Lula, na iminência de ser reeleito, está com cenário menos drástico diante de si, podendo atrair legendas soltas. Muitos nanicos.
NO RN – Se o PFL deixar o PSDB em sua coligação formal, mesmo dando uma forçinha para o “chuchu” do Alckmin, na informalidade, ficará em condições de acasalamento no Rio Grande do Norte com o PMDB. Portanto, a dobradinha entre o pemedebismo do senador Garibaldi Filho e o PFL do senador José Agripino poderá ser exumada. Entretanto, assinale-se, que o PMDB também não pode lançar candidato presidencial ou apoiar qualquer outro nome, para poder sobreviver livre nos estados.
NO RN – A postulação ao Senado da ex-prefeita Rosalba Ciarlini (PFL), que é atingida frontalmente pela verticalização xiíta, fundamentalista, do TSE, não está desconectada do senador Garibaldi Filho, pré-candidato a governador. Os dois ainda têm amplas condições de marcharem juntos, sem qualquer concubinato político fora da lei. Ratifique-se que para isso, PMDB e PFL não devem apresentar candidaturas presidenciais. E não tenha dúvida que isso vai acontecer.
PRESSÃO – Só mesmo em republiquetas e no Brasil ocorre pressão contra o Judiciário. Uma procissão de políticos esteve ontem com o ministro Marco Aurélio, tentando reparar o estrago da verticalização ortodoxa. Cá para nós: não acredito que o ministro brinque de ser juiz, voltando atrás na decisão por cerco da classe política. Além disso, não deve ser esquecido que a decisão foi colegiada em esmagadora: foram seis votos contra um no plenário do TSE.
ANOTE – A imprensa diária impressa e de outros veículos do Estado afluíram para os políticos, tentando extrair deles uma luz sobre a crise provocada pela decisão do TSE. Estão esquecendo que a matéria é essencialmente de Direito. Fundamental que se procure ouvir especialistas no assunto, visto que não adianta o burburinho da classe política do RN, se a norma não for devidamente interpretada.
PROPORCIONAL – Os refletores estão todos acesos na direção das lideranças partidárias e na discussão quanto às chapas majoritárias, mas o problema é ainda maior lá embaixo. As chapas proporcionais isoladas ou em alianças são afetadas ainda mais. Ninguém fique delirando que se pode fazer uma chapa na majoritária e outra coalizão na proporcional. Uma dobradinha – ou não - equivocada à majoritária afunda muitos sonhos à Assembléia Legislativa e à Câmara Federal.
PROPORCIONAL II - Portanto, os pré-candidatos a cargos proporcionais devem pressionar os donos de partidos, porque se houver encaminhamento errado de decisões lá em cima, o prejuízo será irreparável. Isso comentávamos ontem (veja a COLUNA DO HERZOG de quarta, 7) preliminarmente. Depois retomaremos o tema.
AGRADECIMENTO – Antes de qualquer líder político execrar o TSE ou se queixar da sorte, tem até que agradecer. A consulta feita pelo PL da Bahia que resultou na resolução do colegiado, até antecipou dores de cabeça maiores no futuro. Um exemplo: PFL e PMDB poderiam formalizar aliança no RN e em seguida serem impugnadas em plena campanha. Daí, cada um seria obrigado a se virar, sem chances maiores de recomposição à disputa. O questionamento do PL, feito agora, sem dúvidas aconteceria por qualquer legenda ou político individualmente lá em frente.

GERAIS

- Na onda de greve que assola o Estado, os servidores do IPE adotam essa estratégia de pressão contra o governo a partir da próxima segunda, 12.
- Começa hoje à noite o Mossoró Cidade Junina em Mossoró. A atração cultural, digamos assim, é a Banda Calypso.
- O Vila Folia em Natal deve ter público recorde nesse sábado, 10, com Dorgival Dantas, Ferro na Boneca e Chiclete com Banana.
- Os parabéns para Karenine Fernandes, repórter social do Correio da Tarde, que aniversaria nesta data. Um abraço e saúde.
- O Potiguar arrancou empate em 1 x 1 com o Assu à noite de ontem jogando fora de casa. Berg abriu o placar e Flavinho empatou de pênalti. Pasme, mas esse jogo é pela semifinal do Campeonato Estadual que tinha sido ganho em campo pelo Baraúnas. Potiguar e ABC jogam novamente no domingo, 11, no Nogueirão, com o time mossoroense precisando do empate para ir à nova decisão contra o Baraúnas.
- Na comunidade populosa do Jucuri, zona rural de Mossoró, a ladainha geral é apontando falta de água para consumo humano. Há pelo menos 15 dias que o problema existe. Pena que as bolhas de Ronaldo e o festejo junino não permitam as autoridades ouvirem as queixas.

SÓ PRA CONTRARIAR

A classe política nacional não está diante da verticalização e, sim, da satanização do processo eleitoral. Vade, retro!

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