Dentro de casa
E agora, governadora? A denúncia do Ministério Público do Estado que envolve o ex-chefe de gabinete da governadora Wilma de Faria (PSB) e seu irmão, Carlos de Faria (PSB), como articulador de uma quadrilha para assaltar o cofre do Estado, é bastante grave. O peso é considerável, porque não deriva de uma ação política de adversário, mas se revela como resultado de um trabalho louvável do MP. Apartidário.
A operação desenvolvida pelo MP surpreendeu a todos, quase sem exceção. Isso, talvez, em face da aura que paira em torno da classe política deste país, de imunidade e impunidade. Entretanto, a denúncia é apenas um estágio do processo a permitir amplo direito à defesa dos implicados até decisão final do Judiciário.
O que o MP levantou, conforme revelado pela imprensa, é no mínimo verossímil. Faz sentido. O que parece incomum em nível de RN é o surgimento no centro da questão de um personagem de tamanha envergadura, o irmão e ex-auxiliar da governadora.
Ninguém deve ignorar que Carlos é liderado familiar e político de Wilma de Faria, conhecida por seu papel centralizador.
A governadora fatalmente será investigada pela Procuradoria Geral da República, órgão constitucionalmente habilitado a esse papel, haja vista seu foro privilegiado. O caso do “Folioduto” tem interrogações que precisam ser respondidas:
Se houve corrupção, cadê o dinheiro?
Se houve corrupção, quem são os beneficiados finais do desvio?
Se houve corrupção, qual o papel da governadora no episódio?
Se houve corrupção, o Folioduto é um fato isolado ou está generalizado na administração?
Se houve corrupção, como o Estado será ressarcido?
Se houve corrupção, teremos finalmente alguém pagando pelo crime no topo da pirâmide corruptora, ou será alcançada apenas a “arraia-miúda”?
É triste ligar a TV e identificar o RN em circuito nacional outra vez por casos de corrupção na alta esfera do poder.
A última vez que testemunhei algo análogo foi no governo Garibaldi Filho. Bem, mas aí são outros quinhentos.
PRIMEIRA PÁGINA
CONVENÇÃO – A governadora Wilma de Faria (PSB) promove Convenção Estadual do seu partido hoje a partir das 14h. Será no Palácio dos Esportes em Natal, bairro Petrópolis. Homologará as candidaturas de Wilma ao governo, deputado federal Iberê Ferreira (PFL) a vice, senador Fernando Bezerra (PTB) à reeleição e chapas à Câmara Federal e à Assembléia Legislativa. Chamar-se-á coligação “A vitória da gente”. Esse “da gente” enseja raciocínio de duplo sentido.
DUÍTE – Indissociável a governadora Wilma de Faria do seu irmão Carlos Faria, seu ex-chefe de Gabinete. Os laços são políticos, afetivos e familiares. Wilma deverá ser investigada adiante pela Procuradoria Geral da República, um foro privilegiado, em face da denúncia do “Folioduto”. A linha de defesa da governadora está estabelecida: vai se amparar na máxima do ex-juiz de futebol mossoroense, “Duíte”. Vai de “não sei, não vi e bola pra frente”. O presidente Lula abraçou essa tese com bastante sucesso. Faz escola.
LAMA – O termo criado por Carlos Lacerda em pleno governo de Getúlio Vargas, o “mar de lama”, está atualíssimo. O “folioduto” é fichinha diante do que vem por aí. Definitivamente, está aberta a temporada de caça à patifaria, com grupos de lado a lado esgotando os podres – ou parte deles – do adversário. Talvez, ao final, nada chegue a uma resposta judicial compatível com as aspirações do povo, mas será o suficiente para mostrar as vísceras de nossa classe política. Poucos podem atirar a primeira pedra em se tratando de ética e moral na política do RN.
DORIAN – A família do falecido jornalista Dorian Jorge Freire deve se acautelar. A Prefeitura de Mossoró organiza evento para inaugurar uma estátua sua na Praça da Independência, área onde morou durante décadas e próximo à Biblioteca Ney Pontes, prédio da antiga União Caixeiral. Corre o perigo de que adiante outro governante resolva banir a homenagem, da forma mais infame possível. Isso ocorreu com o busto do senhor Manoel Duarte, na Avenida Rio Branco com Rua Frei Miguelinho, no bairro Doze Anos.
MANOEL – Até ontem à tarde, ninguém na Prefeitura de Mossoró sabia dizer o destino do busto de Manoel Duarte, um dos principais combatentes no épico confronto de homens de coragem da cidade, contra o bando do cangaceiro Lampião. O interessante é que o busto foi posto e pago pela própria família do homenageado, a partir de decreto do então prefeito Dix-huit Rosado (um homem culto). Na montagem do canteiro de obras para reformulação da praça, desterraram o busto e ninguém sabe seu destino. Deve ter ido parar numa fundição. Mais desrespeito, impossível.
DIX-SEPT ROSADO - Já imaginou se alguém arrancasse a cabeça da estátua de Dix-sept Rosado, estranhamente afixada na Praça Vigário Antônio Joaquim? Certamente teríamos até a eficiente Swat (polícia especial norte-americana) no rastro dos criminosos. Uma CPI funcionaria na Câmara Municipal e a imprensa, em coro, realçaria o atentado como só comparável ao do Word Trade Center. Movimentos populares “espontâneos” fariam romaria ao local, pedindo punição contra a barbárie, e por aí vai. Mossoró, se não existisse, precisaria ser inventada.
CÂMARA – Os caríssimos vereadores mossoroense andaram se reunindo esta semana, para preparar uma lição contra este jornalista. Motivo: conteúdo do artigo assinado neste Blog e republicado no semanário Página Certa (http://www.jornalpaginacerta.com.br/) no domingo passado, dissecando – politicamente – o perfil do legislativo. Tinha gente exaltada. Acostumados a elogios remunerados, não entenderam que o objetivo do texto foi esclarecer e não satanizar a Câmara de Vereadores. Os laboriosos parlamentares adoram democracia e liberdade de imprensa, desde que seja para a produção de lisonja. Faz parte da nossa “mediocracia”.
EU – Com a maior naturalidade do mundo, um candidato oriundo da Igreja Universal do RN propagava às 6h de hoje, em programa veiculado na TV Tropical, sua condição política. “Eu sou candidato a deputado federal”. O.K., bispo. Captei vossa mensagem.
TREVISAN – Alguém lembra aí do “Relatório Trevisan?” Deixe-me refrescar sua memória, webleitor. Trata-se do resultado de uma auditoria que a governadora Wilma de Faria encomendou sobre o período de governo Garibaldi Filho/Fernando Freire (PMDB). Fez um barulho danado no início de sua gestão sobre o que tinha descoberto, de escabroso, mas depois fez questão de silenciar. A estratégia era utilizar o material como carta de seguro, objeto de pressão velada. Talvez tenha que retira-lo da gaveta para se contrapor à sujeira denunciada pelo MP.
ANOTE – Em termos de denúncia, Mossoró não vai ficar de fora do leque de sujeiras. Há, de lado a lado, um amontoado de questões que fazem qualquer individuo rosar a face de perplexidade. Saúde, para começar, é o cerne da questão. Anote, por favor.
TÁ MELHOR – A inserção no todo-poderoso Jornal Nacional de matéria sobre o caso “Folioduto”, ontem à noite, é emblemático. Revela que não foi totalmente ruim a venda do controle da então TV Cabugi, hoje Intertv Cabugi, pelo majoritário grupo Alves. Quando tinham o controle da concessão no RN, dificilmente conseguiam algo dessa natureza, fustigando politicamente o adversário. O clã Alves hoje é minoritário e possui apenas uma diretoria, com Aluízio Alves Neto. Tá melhor.
GERAIS
- O médico Luiz Mendonça viaja hoje para Goiânia (GO). A missão no Brasil Central é participar de casamento de sua filha, estudante de Medicina no Rio, com colega de faculdade.
- Já o jovem médico Rommel Vitalino, filho do empresário Antônio Vitalino e Jussara Porcino, que faz especialização em Campinas (SP), deverá migrar para Fortaleza (CE), onde pretende atuar profissionalmente.
- Uma beleza a iniciativa da Prefeitura de Mossoró de utilizar os tapumes de obras públicas como espaço à arte. Vários artistas plásticos estão produzindo expressões maravilhosas do seu talento. Acertou em cheio o governo Fafá Rosado.
- Um dia a nossa valorosa imprensa vai descobrir que é até fácil o cálculo para se estimar presença de público num ambiente. Não se sabe o que é mais estapafúrdio, se o quantitativo apontado em comemorações na Presidente Dutra ou gente no Mossoró Cidade Junina. As contas estão longe da realidade.
- Mais uma vez a competência da professora Isaura Amélia Rosado (presidente da Fundação José Augusto) ficou em relevo. O seminário “Sertões” realizado ontem no Teatro Lauro Monte Filho (Mossoró) foi um sucesso. Acompanhei o último bloco.
- A Câmara de Mossoró encerrou o primeiro semestre do atual período legislativo com uma boa ação. Decreto assegura plano de saúde para seus funcionários.
- Obrigado ao deputado federal Ney Lopes (PFL), publicitário-jornalista Phabiano Santos (Agência Modus), empresário Bebé Rosado (Harabello Turismo) e consultor Alcimar de Almeida pela leitura deste Blog.
SÓ PRA CONTRARIAR
Os líderes de quadrilhas juninas estão revoltados com a concorrência desleal, produzida por grupos políticos do RN.
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