O jornal Folha de São Paulo focaliza em matéria com chamada de capa, edição de hoje, que o procurador da República em Cuiabá (MT), Mário Lúcio Avelar, está denunciando à Justiça Federal 81 pessoas envolvidas no caso conhecido como a "Máfia dos Sanguessugas".
O que remete o fato ao RN e em especial a Mossoró, é que pelo menos dois dos denunciados são ex-deputados federais nascidos e com atuação política no município, Múcio Sá e Laíre Rosado, atual secretário estadual da Agricultura. O mais delicado, ainda, é que o procurador se inclina a pedir a prisão de todos os denunciados, como Laíre Rosado e Múcio Sá.
Avelar atesta que sete ex-parlamentares, entre eles Laíre Rosado e Múcio Sá, receberam propinas no exercício do mandato, para negociar emendas ao Orçamento Geral da União, viabilizando a compra de ambulâncias com preços superfaturados. Entre os denunciados, há alguns presos.
Veja matéria na íntegra:
O procurador da República em Cuiabá (MT) Mário Lúcio Avelar denunciou ontem à Justiça Federal 81 pessoas acusadas de pertencer à máfia dos sanguessugas, entre eles seis ex-deputados federais (dois estão presos) e um ex-senador, além de assessores de congressistas demitidos durante a Operação Sanguessuga, realizada no dia 4 do mês passado pela Polícia Federal.
Avelar disse que os sete ex-congressistas denunciados receberam propina -no exercício do cargo- para vender emendas ao Orçamento destinadas à compra de ambulâncias superfaturadas fornecidas a municípios. De início, o procurador avaliou que denunciaria 54 acusados, mas, com análise de escutas telefônicas e do material apreendido pela PF na operação, incluindo a contabilidade da Planam empresa fornecedora das ambulâncias, o número de envolvidos aumentou.
O grupo foi denunciado por crime contra licitação pública, corrupção ativa e passiva, formação de quadrilha, além de lavagem de dinheiro.
Prisão em massa
Dos 81 denunciados, 44 estão com prisão preventiva decretada (38 presos e seis foragidos) pela Justiça Federal de Cuiabá, cidade onde o esquema era baseado.
Avelar disse que estuda pedir a prisão de todos os 81.A suposta quadrilha vendia ambulâncias superfaturadas a prefeituras desde 2001, o que teria resultado no desvio de R$ 110 milhões de verbas da saúde.
Para que o dinheiro fosse liberado, deputados e senadores, conforme a denúncia, apresentavam emendas ao Orçamento em troca de propina. "O esquema contava com a participação de agentes infiltrados no Congresso Nacional e em cargos de destaque na Esplanada dos Ministérios. Tais membros do bando empenhavam-se em direcionar o dinheiro público em benefício da quadrilha", disse Avelar em nota.
Há suspeitas de que congressistas ainda exercendo os mandatos estejam envolvidos, mas eles só podem ser investigados com autorização do STF (Supremo Tribunal Federal). Dois ex-deputados, Carlos Rodrigues (RJ), então filiado ao PL, e Ronivon Santiago (PP-AC), denunciados por Avelar, estão presos em Cuiabá.
A lista ainda incluiu o ex-deputado Laire Rosado, marido da deputada Sandra Rosado (PSB-RN). Ele aparece na lista de pessoas que recebiam dinheiro da Planam, empresa de Cuiabá de Darci José Vedoin, acusado de ser o chefe da quadrilha. A reportagem não conseguiu localizá-lo.
Ex-presidente do INSS
Também entre os denunciados está o ex-senador Carlos Bezerra (PMDB-MT), que presidiu o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) no governo Lula. Bezerra também estaria no livro caixa da Planam, na coluna "contas a pagar".
Os nomes de três outros ex-deputados listados por Avelar na denúncia são: Renildo Leal Santos (PA), Cândido Pereira Mattos (RJ) e Múcio Gurgel de Sá (RN).
(Hudson Corrêa, Agência Folha, Campo Grande)
Nenhum comentário:
Postar um comentário