sexta-feira, junho 16, 2006

COLUNA DO HERZOG

A caminho do hexa

Em tempo de Copa do Mundo, afeito também ao trabalho de cobertura esportiva em comentários, alguns webleitores pedem minha análise sobre a Seleção do Brasil. Ouço e leio muitas opiniões desencontradas, mas uma corrente residualmente majoritária considera decepcionante a estréia brasileira. Daí floresce uma temeridade quanto aos futuros jogos da copa.
Para mim a estréia esteve a contento. Surpreendeu favoravelmente. Observou que pela primeira vez ninguém se queixou da defesa?
O placar de 1 x 0 contra a Croácia é um escore normal, em especial por ser estréia. Incomum é o delírio da grande imprensa e a maioria dos torcedores, em face da glamourização de um time que valorizado financeiramente na casa do bilhão.
Cobra-se permanente espetáculo dos artistas verde-amarelo, como se uma Copa do Mundo fosse cenário para uma exigência desse porte. Estamos envolvidos num torneio e não num campeonato de longo curso. Nele, o fundamental é não perder; se possível sempre ganhar.
A Seleção do Brasil tem, disparadamente, o melhor elenco entre todas as seleções disputantes. Mas por si só, isso não significa que venha a ser campeã. Futebol é um esporte coletivo, em que os melhores precisam formar grupo homogêneo, sincronizado e competitivo. O Brasil só perde o hexa para a arrogância, a vaidade e a ansiedade, provocadas sobretudo por essa aura mítica que se cria de fora para dentro.
Do ponto de vista tático, estamos diante de um time preocupado em marcar e procurando exaltar o talento individual no chamado quadrado mágico. Corretíssimo. Ronaldinho, Kaká, Ronaldo e Adriano estão vivendo momentos distintos. Enquanto os dois primeiros vêm de campeonatos excepcionais, com brilhantismo próprio, Adriano e Ronaldo vivem inferno astral. Em certos jogos, eles até figuraram no banco de seus respectivos times europeus.
Dificilmente o chamado quadrado mágico criado pela imprensa funcionará nesta copa. Por quê? Primeiro, em face da disparidade técnica do momento entre Kaká e Ronaldinho, num comparativo com Adriano e Ronaldo. Depois, porque se exige de dois atacantes pesados, apesar de terem faro de gol, mobilidade que acompanhe o raciocínio e a agilidade da dupla Ronaldinho-Kaká.
O comum, como tratam os técnicos de futebol, é o time ter um jogador de referência, aquele homem-gol no ataque em certa faixa de campo, pronto para a finalização. Dois com praticamente a mesma característica, como Ronaldo e Adriano, terminam mais atrapalhando do que ajudando. Em muitos momentos podem brilhar, fazendo gols, mas pelo menos em tese é mais difícil
O Brasil parte para se ajustar no decorrer da competição, como normalmente acontece. Foi assim em 2002, por exemplo, com o selecionado de Luís Felipe Scolari. Deve ocorrer dessa forma com Carlos Alberto Parreira em 2006. Quem lembrar de 1994, no tetra, identificará que Parreira não teve cerimônia em sacar o craque Raí do elenco titular, quando descobriu que seu rendimento não ajudaria à conquista.
Nessa fase, Parreira pode manter Adriano e Ronaldo juntos. Mas é pouco provável que os segure adiante, se não “arrebentarem” nos próximos confrontos. Para ser mágico e não sem luz, o quadrado precisa ser uma peça móvel de quatro vértices, conseguindo variáveis de jogadas para o surgimento de elementos surpresas.
Quem criticou Ronaldinho por não enfileirar adversários em dribles, pela ausência de malabarismo e maior eficiência, precisa dar um tempo e refletir. Na estréia ele sobrou porque jogou para o time. Se não produziu mais foi em face da falta de ritmo e afinação de outros atletas, casos de Adriano e Ronaldo.
Por que Ronaldinho joga demais no Barcelona e no Brasil ainda está devendo? Exagero. Numa copa não há espaço para excessos inventivos. Um vacilo e se perde a bola, vem o contra-ataque e fim dos sonhos. Lembra-se de 1982 com Cerezzo, em Sarriá, contra a Itália?
No Campeonato Espanhol Ronaldinho joga 38 partidas. Perde uma, ganha a outra e a luta continua. Numa Copa do Mundo são apenas sete jogos até a final. Todo cuidado é pouco. Vão valer a criatividade e ousadia, sim. Entretanto, nada de malabarismos espetaculoso para a torcida.
Contudo, o aspecto mais interessante do time de Parreira, é sua defesa. Pode até aprontar adiante, mas se revelou uma surpresa agradabilíssima. Sobraram os zagueiros, mas em face de algo que passa despercebido à maioria: o Brasil começa a se defender no ataque. Em nenhum momento algum atacante da Croácia ficou no mano a mano com defensor brasileiro.
Emerson e Zé Roberto foram guardiões incansáveis e quase perfeitos na proteção da zaga; os laterais só subiam sob segurança e o quadrado mágico fez o que pôde para dar o combate inicial à frente. Quando Robinho entrou, aí é que ficou eficiente esse cerco preliminar no ataque, dos brasileiros.
Estou otimista. Estaria em pânico se tivéssemos goleado a Croácia. O ufanismo natural que o futebol provoca certamente contaminaria o selecionado do frio e cartesiano Carlos Alberto Parreira.
Temos uma seleção com tudo para sobrar adiante. Isso se deve, também, a uma situação interessante: a migração de tantos jogadores para a Europa está inoculando numa nova geração de atletas brasileiros, o melhor que os europeus têm a oferecer-nos: disciplina tática. Aí se sobressaem a marcação incansável, a força física (vejam os corpos robustos de Kaká e Ronaldinho) e o espírito de grupo.
Não é por acaso que estamos a caminho do hexa. Seremos campeões? Bem, essa resposta é tarefa para um oráculo, o que não é meu caso.

PRIMEIRA PÁGINA

VOTOS – Em sua estada em Mossoró, o advogado Felipe Maia (PFL), filho do senador José Agripino (PFL) e pré-candidato a deputado estadual, tem tido a companhia freqüente do casal Wagner-vice-prefeita Cláudia Regina (PFL).
MENOS – De lado a lado, os chamados moderados da família Rosado estão agindo para evitar que o caso da “Máfia dos Sanguessugas” termine por provocar uma sessão de lavagem de roupa suja para a família, deteriorando a imagem do clã de forma generalizada.
MENOS II - Nos últimos dias, órgãos de imprensa do casal Carlos Augusto Rosado-Rosalba Ciarlini (PFL) estavam explorando a denúncia do Ministério Público Federal contra o primo e ex-deputado federal Laíre Rosado (PSB). Ele está sendo denunciado por participação no caso de superfaturamento de ambulâncias e recebimento de propinas, à época em que era parlamentar.
MENOS III - Por seu lado, os órgãos de imprensa de Laíre e de sua mulher, a deputada federal Sandra Rosado (PSB), revidaram soltando indiretas contra pessoas da família, adversárias políticas. Em recente espaço do jornal O Mossoroense, terminaram sendo estocados o médico Leonardo da Vinci (PFL), marido da prefeita Fafá Rosado (PFL) e pré-candidato a deputado estadual, além de Betinho Rosado (PFL), irmão de Carlos Augusto e deputado federal. Também sobrou para o próprio Carlos e até Alex Moacir, secretário municipal de Urbanismo e genro de Noguchi Rosado, secretário de Finanças e irmão da prefeita Fafá Rosado.
CORPUS – Na celebração de Corpus Christi ontem em Mossoró, de frente ao Seminário Santa Terezinha, alguns políticos compareceram para renovar a fé. Entre eles, a pré-candidata ao Senado e ex-prefeita Rosalba Ciarlini. Seu marido Carlos Augusto ficou em meio a populares, discretamente.
GARIBALDI – O senador e pré-candidato a governador Garibaldi Filho (PMDB) não deixou o feriado de ontem passar em branco. Circulou pela região Oeste-Salineira, aportando em Mossoró para assistir a peça teatral “Chuva de balas”.
SUCESSÃO – Em Assu, o prefeito Ronaldo Soares (PP) admite internamente em seu grupo, certa dificuldade para administrar sua sucessão em 2008. Vive repetindo que vai abandonar a política e está sem sucessor. Quem quiser que acredite nessa balela de aposentadoria precoce de Ronaldo.
SENADOR – O senador José Agripino (PFL) deve aportar em Mossoró no domingo. Pelo menos foi o que nos adiantou seu filho Felipe, em conversa ontem à noite com este Blog. O senador continua queimando as pestanas para fechar chapa oposicionista, com indicação do vice do senador Garibaldi Alves Filho.

GERAIS

- O empresário de eventos, o mossoroense Valmir Mendonça está investindo sobremodo em sua banda própria de forró. Trata-se da “Forrónela”, que é sediada em Natal. Na capital, ele é sócio na casa de shows Shock com Ênio Sinedino da FM 96.
- Muitos órgãos de imprensa de outros estados estão cobrindo os festejos juninos de Mossoró. A TV Diário de Fortaleza, por exemplo, ontem fazia cobertura do espetáculo teatral “Chuva de Balas” e outras iniciativas do período.
- Grevista da Polícia Militar na região Oeste estão se mobilizando para movimentação ainda hoje em Pau dos Ferros. Querem pressionar a governadora Wilma de Faria (PSB) a uma negociação. Em Natal, hoje pela manhã, uma comissão grevista estava sendo recebida pelo secretário estadual Aluísio Lacerda.
- Quando estamos concluindo a montagem desta coluna, para postagem, a Argentina termina de enfiar placar de 6 x 0 na Sérvia e Montenegro. O escore foi até pequeno. Pelo visto, o “quadrado mágico” mudou de cores.
- Foi bastante concorrida a VIII Jornada de Odontologia ocorrida em Mossoró e concluída ontem.

SÓ PRA CONTRARIAR

Se Garibaldi Filho é um governador em férias, porque o PFL tem tanta dificuldade para anunciar um nome para esse balneário político?

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