Numa longa entrevista ao tradicional jornal carioca "Tribuna da Imprensa", edição desta segunda, 19, o senador e pré-candidato a governador do RN, Garibaldi Filho (PMDB), comenta aspectos diversos da política nacional. Para ele, o PT vai pagar um alto preço pelo rol de escândalos que estão fazendo parte do Brasil contemporâneo. Relator da CPI dos Bingos, Garibaldi Filho também comenta os efeitos da crise no Congresso Nacional.
TRIBUNA DA IMPRENSA - O Congresso perdeu totalmente a credibilidade junto a população?
GARIBALDI ALVES FILHO - Acho que não. Acho que o Congresso, a despeito de ter enfrentado um período difícil, de muitos desafios e das decisões que foram tomadas no plenário da Câmara dos Deputados, tem a ser favor o funcionamento das CPIs, que acho que atuaram com dignidade, com eficiência. E uma prova disso é o acatamento que o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, deu às propostas da CPI dos Correios, oferecendo denúncia contra 40 envolvidos em irregularidades.
Como o senhor vê essa série de escândalos?
Com indignação, estupefação, com o sofrimento que dominou a todos os brasileiros. O que acontece é que nós não podemos só exercer a capacidade de indignação, que é tão requerida numa hora dessa. Mas também passar da indignação à ação, à atuação, de forma que se tenha a possibilidade de coibir e evitar a repetição desses escândalos. Eu, que participei da Comissão de Orçamento, que vi o que era feito com o dinheiro público no que toca aos recursos orçamentários, fiquei, naquela oportunidade, com a impressão de que o País não serviria mais para escândalos dessa natureza.
Existem paralelos entre os governos Collor e Lula no que diz respeito a corrupção?
A corrupção foi tão grande num e noutro governo, que fica difícil de você fazer um julgamento. Os dois foram absolutamente lenientes e as duas crises cercaram os presidentes da República. Houve uma hora em que parecia que o presidente da República iria se comprometer até mesmo na sua autoridade, na sua responsabilidade, dando margem a um processo de impeachment, o que aconteceu atrás no governo Collor. Agora, o governo Lula sempre teve apoio popular muito grande, e isso é que talvez tenha se constituído no seu diferencial para o Collor.
E o PT nesta crise?
Acho que o PT vai pagar um alto preço, o que não está acontecendo com o presidente Lula. A opinião pública está separando o presidente da República do PT. O PT sempre teve uma pregação muito voltada para a ética e, o que aconteceu, foi um processo de desmoralização do partido, que precisa se reerguer agora. E certamente terá essa chance, essa oportunidade com a reeleição do presidente da República.
Qual o diagnóstico que o senhor faz do governo Lula?
Creio que o governo Lula, no que toca a economia... Vou dizer o óbvio: ele continuou utilizando o receituário do governo Fernando Henrique Cardoso e conseguiu com essa ortordoxia fazer com que o País pudesse ter hoje uma posição melhor frente ao mercado internacional. O Brasil passou a ser visto de outra maneira. No que toca à política social, se revestiu de um caráter assistencialista e se esperava que o governo tivesse mais êxito, em face da pregação do PT na criação de empregos, na geração de renda, de outra maneira que culminasse com a máxima: "Não dê apenas o peixe, mas ensine a pescar".
* Do jornal Tribuna da Imprensa (RJ), 19/06/2006
- Leia entrevista na íntegra acessando www.tribunadaimprensa.com.br
- Leia também neste Blog a Coluna do Herzog atualizada, postada na manhã de hoje.
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